Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira, a participação dos bancos públicos no financiamento de projetos de desenvolvimento do país e reiterou críticas à política de distribuição de dividendos da Petrobras. Para Lula, a estatal tem de priorizar investimentos no crescimento econômico do país.
“Nós não podemos aceitar a ideia da notícia de hoje. A Petrobras entregou de dividendos mais de R$ 215 bilhões. Olha, ela deveria ter investido a metade no crescimento econômico deste país, na indústria brasileira, na indústria naval na indústria de óleo e gás”, afirmou.
A declaração foi feita no ato de assinatura da medida provisória que recria o Bolsa Família. “A Petrobras, em vez de investir, decidiu agraciar os acionistas minoritários com R$ 215 bilhões. Teve um lucro de R$ 195 bilhões. E quanto foi o investimento da Petrobras? Quase nada”, completou.
Para Lula, a Petrobras deixou de ser um empresa de desenvolvimento nacional para se transformar em uma exportadora de óleo cru. “Não foi para isso que nós descobrimos o pré-sal. O pré-sal era para que a gente tivesse um passaporte para o futuro do nosso povo e exportasse derivados de petróleo e não óleo cru”, afirmou.
Ao comentar os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2022, Lula afirmou que o desafio do governo é fazer o país voltar a se desenvolver. “A economia brasileira não cresceu nada no ano passado. Então, o desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer”, afirmou.
INDUTOR DO CRESCIMENTO
O presidente cobrou investimentos privados para o desenvolvimento do país e disse que o Estado também precisa destinar recursos para movimentar a economia. Lula citou a retomada de obras públicas paralisadas para gerar empregos e renda no país.
“Só vai gerar emprego se a economia crescer. Para a economia crescer, é preciso, primeiro, que haja investimento privado. E, se não houver investimento privado, que haja investimento público. Não é que a gente queira que o Estado faça as coisas que o privado tem que fazer. Mas, se o governo federal não investir dinheiro como indutor do desenvolvimento, nada vai acontecer”, afirmou.
“A Caixa, o Banco do Brasil, o BNB [Banco do Nordeste], o Basa [Banco da Amazônia], o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], podem ter certeza, vão voltar a investir dinheiro para gerar empregos, gerar desenvolvimento e gerar distribuição de renda efetiva para este país”, completou.
BOLSA FAMÍLIA
Dirigindo-se ao ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, o presidente disse que não faltará dinheiro para o Bolsa Família se as estatais investirem no desenvolvimento do país.
“É importante saber que as empresas brasileiras e os bancos brasileiros têm que pensar primeiro neste país para depois pensar nos seus lucros ou pensar nos seus acionistas. Vai ser assim daqui para frente para a gente poder mudar a história do país”, afirmou.
Para Lula, o Bolsa Família não vai resolver todos os problemas sociais do país. “É o primeiro prato de sopa, é o primeiro prato de feijão, é o primeiro copo de leite, é o primeiro pão, é o primeiro pedaço de carne. Mas, junto com isso, tem que vir uma política de crescimento econômico, de geração de emprego e de transferência de renda através do salário, que é o que importa para o trabalhador”, disse.
O presidente pediu apoio da sociedade para fiscalizar o programa, que começa a ser pago no próximo dia 20 de março sob as novas regras. “Este não é um programa de um governo ou de um presidente da República. É um programa da sociedade brasileira. Só vai dar certo se a sociedade brasileira assumir o compromisso de fiscalizar o cadastro único”, afirmou.
“Se tiver alguém que não mereça não vai receber. O programa é só para as pessoas que estão em condições de pobreza”, completou.