Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse defender a responsabilidade fiscal, mas cobrou seriedade política para atender às necessidades da população. Lula criou, nesta terça-feira, o Conselho de Participação Social e o Sistema de Participação Social Interministerial, canais de diálogo do governo federal com os movimentos sociais.
“Eu sou uma pessoa que defendo muito a estabilidade econômica. Eu quero seriedade fiscal, mas eu quero seriedade política. Eu quero seriedade social. É verdade que temos muitas dívidas para pagar, mas a dívida que é impagável há cinco séculos é a dívida com o povo brasileiro”, afirmou Lula no evento, no Palácio do Planalto, com a participação dos movimentos sociais.
Para Lula, “não é possível” que, no terceiro maior produtor de alimentos e no primeiro produtor de proteína animal no mundo, “ainda tenha gente passando fome”. Conforme o presidente, é preciso criar condições para aumentar o salário mínimo anualmente, melhorar a renda dos trabalhadores e a proteção previdenciária dos brasileiros.
“Nós não podemos mais admitir retrocessos neste país. Eu pensei que a gente tivesse acabado com a fome, mas a fome voltou mais violenta. Eu pensei que a gente tivesse transformado o Brasil numa grande economia, mas o Brasil está mais pobre, o trabalhador está ganhando menos”, afirmou Lula, acrescentando que o Brasil passa por um processo de reconstrução.
Lula disse que o governo sabe da importância da Amazônia para o clima do planeta, mas afirmou que não vai transformar a região em um santuário, por lá vivem milhões de pessoas que precisam trabalhar e se alimentar. Para isso, segundo o presidente, é preciso cuidar da água, da terra e da floresta.
“Eu voltei porque é possível fazer uma economia verde, cuidando da questão climática. Não precisa cortar nenhuma árvore para criar uma vaca ou plantar um capim ou um pé de milho”, afirmou Lula, argumentando ser possível recuperar as terras degradadas para produzir.
No encontro, Lula pediu que os movimentos sociais fiscalizem o governo e cobrem políticas públicas. “Estamos apenas iniciando um processo. Nós vamos realizar juntos, nós vamos crescer juntos e, se nós tivermos que perder, vamos perder juntos. Coisa que eu não acredito”, afirmou.
No discurso, o presidente criticou a violência contra a mulher e prometeu ampliar a rede pública de assistência às mulheres. Lula afirmou que a mulher não foi feita para apanhar, mas para ter liberdade de escolher onde viver e o que fazer. “Nossas mãos foram feitas para trabalhar, não para bater em mulher”, disse Lula, lembrando o exemplo de sua mãe, Dona Lindu, que saiu de casa com oito filhos.