Lula fala sobre nova etapa do programa Desenrola junto com Haddad

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Conversa com o presidente | Foto: Ricardo Stuckert/PR

No programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido hoje (21) pelo CanalGov no Youtube, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falaram sobre o Desenrola, programa do governo para a liquidação de dívidas em instituições financeiras privadas.

“Tínhamos uma pessoa na presidência [em 2022] disposta a tudo para se manter no cargo, e fez uma bagunça no orçamento federal. Depois que começamos a analisar o montante de recursos usados no período, como os auxílios, estamos falando em torno de R$ 300 bilhões que foram dados. Estamos há um ano tentando colocar ordem no orçamento federal”, disse Haddad.

“O mundo está olhando para o Brasil com mais confiança. Os juros estão caindo, o dólar e o desemprego também. Importa quem comanda o país, e a mensagem que ela passa aos investidores, aos trabalhadores. Mas não podemos subestimar os desafios que temos pela frente. Há muitos deles”.

Haddad disse que o Congresso Nacional tem apoiado as medidas econômicas do governo, “no seu tempo, porque não é fácil digerir o que estamos fazendo. É um trabalho pedagógico, e temos apoio da Câmara, do Senado e do Judiciário”.

Por sua vez, Lula disse que é importante acreditar naquilo que se propôs a fazer, e que precisava reconstruir o país. “O Brasil tinha muita respeitabilidade no mundo antes, porque havia a sustentação do tripé responsabilidade política, social e fiscal. Tudo isso foi desmontado. Retomamos praticamente todos os programas sociais”.

Ele também falou dos desafios de se fazer as reformas prometidas pelo seu governo, como a tributária. “Todo mundo sabe que fazer reforma é complicado porque o custo é sempre maior do que o planejado”.

Ao citar a recriação dos ministérios, Lula falou da importância de se dar visibilidade a setores importantes da sociedade. “São segmentos muito ativos, que não querem continuar sendo coadjuvantes. É um jeito de dar visibilidade a eles”.

Lula falou sobre a retomada da credibilidade do Brasil tanto no ambiente interno quanto no externo. “O mercado vai perceber que esse país deixou de brincar. Vou ter no final do ano uma reunião de avaliação com todo o governo, antes do Natal, e quero ver o que está funcionando. As nossas políticas vão florescer forte no começo de 2024”.

O presidente falou sobre o Desenrola. “Queremos que os brasileiros voltem a andar de cabeça erguida. Havia 70 milhões de pessoas com dívida antes do programa. Se isso der certo, vamos inscrever as pessoas responsáveis pelo programa para o prêmio Nobel da Economia”, brincou.

Haddad falou sobre como o Desenrola foi planejado, que trouxe as dívidas de instituições privadas. “O desconto médio para o pagamento das dívidas é de 83%, mas chega a 99%. Cerca de 7 milhões de pessoas já conseguiram resolver suas pendências com o Desenrola”.

Lula falou da importância do Desenrola. “Queremos que o brasileiro chegue ao final do ano sem dívidas, com o nome limpo. Estamos pensando no desenvolvimento da economia. Se a pessoa não está devendo, ela passa a comprar, o comércio passa a vender mais, as fábricas passam a produzir mais. Todos devem ter um assento na roda gigante da economia. Quando todos começam a comprar, tudo começa a melhorar”.

A respeito da COP 28, que acontecerá em Dubai, Lula falou da responsabilidade do Brasil. “O país é visto como a bola da vez no assunto meio ambiente. O Brasil pode oferecer ao mundo o que ele precisa, a possibilidade de descarbonizar a produção agrícola, manter a floresta em pé”. Ele também citou a reunião do G20, grupo do qual o Brasil é o atual presidente.

Sobre o meio ambiente, Lula citou o potencial de produção de energia elétrica de matrizes renováveis. “O Brasil pode ser para o mundo da energia limpa o que a Arábia Saudita foi para os combustíveis fósseis. Temos condição de ser o maior produtor de energia limpa do planeta”.

Ainda sobre o Desenrola, ele falou de um auxílio aos estudantes do ensino médio, e sobre a legalidade do trabalho autônomo, como os motoristas de aplicativo. “Vamos criar uma poupança, para que ele não deixe de estudar. Vamos ver também como faremos sobre os motoristas de Uber, para dar mais seguridade para eles. Vamos desenrolar o Brasil”.

Ao falar novamente sobre o ambiente externo, ele citou um telefonema que ele fez para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o acordo da União Europeia com o Mercosul. “Quero resolver isso no meu mandato. Vamos ver se conseguimos fazer uma reunião com ela na COP 28 e ter a resposta definitiva sobre nossa demanda”.

Sobre a diplomacia brasileira, Lula disse que “colocamos o país em patamar de país civilizado. Falamos com quem gostamos e de quem não gostamos. O Haddad não visita só os países com os quais ele concorda. Ele viaja o mundo para conhecer experiências. Só espero que não vá atrás dessa nova experiência que surgiu aqui pelo continente”, falou, citando de forma velada a vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina.

Lula falou que quer que o Brasil dê certo. “Se o Brasil for bem, todos vão bem. Estamos trabalhando muito para manter uma certa harmonia na Câmara e no Senado”. Haddad emendou, falando da reforma tributária. “Ela vai ser promulgada neste ano, não tenho dúvidas”. “O sucesso de qualquer projeto na Câmara e no Senado depende do relator. É importante agradecê-los, porque eles mostraram disposição”, concluiu Lula.