Lula inaugura conversas com jornalistas sobre ações do governo

60

São Paulo, 30 de janeiro de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva convocou uma coletiva de imprensa que marca a mudança de estratégia de comunicação do governo federal após a mudança na gestão da Secretaria de Comunicação Social (Secom).

O presidente iniciou com um discurso em que ressaltou a preocupação com o crescimento da extrema direita e de informações mentirosas sobre as políticas implementadas pelo governo federal.

Lula disse que ao assumir a presidência, ele achava que “todos sabiam que o País estava destruído” após o governo anterior. Mas que, com o crescimento das notícias falsas relacionadas ao governo, ele achou melhor voltar a falar com a imprensa com mais regularidade. Ele citou as “mañaneras” realizadas pelo ex-presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, coletivas de imprensa diárias na qual abordava os temas mais importantes do país, e as entrevistas diárias da atual presidente Claudia Sheinbaum, mas disse que a cultura brasileira é diferente.

“Esse ano é o mais importante, é o ano da colheita de tudo que foi plantado. Eu achava que teria que fazer coletiva todos os dias como o López Obrador fazia as mañaneras, mas essa não é a nossa cultura”, disse.

“Não podemos permitir que a mentira da extrema direita cresça. Estou pronto para estabelecer uma conversa verdadeira sobre tudo que o governo está fazendo. Esse país vai terminar com o maior crescimento e inclusão social ao final do meu mandato.”

Lula disse que a indústria brasileira voltou a crescer com forte investimento público e privado e que “é esse Brasil que nós vamos discutir nas ruas desse país em 2025”.

“Fizemos um G20 extraordinário e vamos repetir o maior Brics e a maior COP no coração da Amazônia. Temos que fazer uma luta muito grande na questão do clima, senão o evento ficará desmoralizado.”

Lula ressaltou o desafio climático global com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos e a saída do país do Acordo de Paris.

“O Trump acabou de anunciar a saída do Acordo de Paris. Na COP estarão especialistas, quilombolas, autoridades para discutir. Depois faremos com que o país construa tudo o que disser que vai construir.”

Lula disse que sua intenção é ter uma boa relação com o presidente norte-americano, mas que se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade. Ele também disse que considera um retrocesso os anúncios de saída dos Estados Unidos da ONU e da OMS.

Ao ser questionado sobre a elevação dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, agora sob o comando de Gabriel Galípolo, Lula respondeu que a subida de juros já estava prevista pela gestão anterior do BC e que confia no Galípolo na presidência do órgão. “Agora temos um presidente do BC da maior competência. No meu governo, o presidente do BC terá autonomia de verdade. O povo espera que a taxa de juros seja controlada para que o país tenha mais crescimento”, disse.

Em relação à declaração do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de “fraco”, Lula disse que não está preocupado. “O que vemos hoje é uma dificuldade do ministro Haddad de comandar. Um ministro da economia fraco é sempre um péssimo indicativo”, disse Kassab, durante evento do banco de investimento UBS BB, em São Paulo, segundo reportagem publicada ontem (29) pelo jornal Folha de S. Paulo.

“Estou despreocupado com a declaração do Kassab porque a eleição é daqui há dois anos. O Kassab não foi justo na sua avaliação sobre o governo. O Haddad é um ministro extraordinário, ele conduziu a PEC da transição, o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Foi um milagre fazer uma política tributária para que o país seja um país mais seguro para o investimento estrangeiro”, comentou Lula.

Em relação às declarações do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que disse que os evangélicos não apoiarão Lula em 2026, o presidente disse: “Muitos partidos não me apoiaram nas eleições, mas foi o momento que mais aprovamos projetos de lei no Congresso Nacional. Meu problema agora é fazer com que 2025 seja o ano da melhor colheita do governo em todas as áreas. Vamos fazer 41 licitações para consertar as estradas brasileiras contra 6 no governo passado.”

Lula disse que está comprometido com a manutenção da democracia e que teme pela ascensão de governos autoritários. “Para mim a democracia é a coisa mais relevante da atualidade.”

Sobre ter autorizado o aumento dos preços dos combustíveis pela Petrobras, Lula respondeu: “Eu não autorizei aumento do diesel, quem autoriza é a Petrobras. Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste levando em conta a inflação, ainda assim será menor que em dezembro de 2022. E se tiver protesto de caminhoneiros em caso de aumento do diesel, vamos conversar com eles. Mas o caminhoneiro sabe que o preço do diesel está mais barato que em 2022.”

Em relação às reuniões com a diretoria da Vale e os acordos celebrados no final do ano em relação às indenizações por rompimento da barragem em Mariana (MG) e à renovação de concessões ferroviárias, Lula disse que deverá ter um novo encontro. “Conversamos com a presidência da Vale porque ela é importante para o país. O acordo de Mariana deve chegar na ponta e recuperar o Vale do Rio Doce. Vamos conversar com a diretoria da Vale sobre os obstáculos de mineração que a companhia está enfrentando.”

Em relação às medidas que o governo pretende anunciar para baratear os preços dos alimentos, Lula disse que considera o aumento nos preços da cesta básica “ruim para a população” e que não deverá ter ‘bravatas’.

“Só que o Brasil virou o celeiro do mundo, abriu 300 mercados novos. Não queremos diminuir as exportações. Eu vou ouvir os empresários para saber o que está acontecendo.”

O presidente também falou sobre o acordo que está sendo costurado com os bancos para melhorar as condições do crédito consignado para a população, mas não deu muitos detalhes.

“Ontem chegamos a um acordo com os bancos sobre o crédito consignado. Será o maior programa de crédito desse país. Só faltam alguns ajustes jurídicos, mas será uma medida extraordinária.”

Em relação à troca de ministros, Lula disse que não deve anunciar mudanças por enquanto, deu a entender que está satisfeito com o quadro atual e que quer eleger Rodrigo Pacheco ao governo de Minas Gerais.

“A reunião do dia 7 foi a melhor reunião de ministros que eu fiz. Todos disseram o que eu queria ouvir: a safra está plantada. Nós vamos continuar crescendo, a massa salarial continuará crescendo, o salário mínimo continuará crescendo acima da inflação sem prejudicar o fiscal.”

Em relação ao déficit fiscal, Lula disse que houve erro em relação às previsões de estouro da meta e que o governo não anunciará novas medidas de controle de gastos e fará investimentos que julgar necessários.

“Se tivermos que fazer investimentos para construir ativos para o país, faremos uma dívida saudável. Quem falou que teríamos déficit fiscal, 0,1% é zero. Quem errou deveria pedir desculpas para o Haddad. Se depender de mim, não teremos uma nova medida fiscal.”

Em relação à possível taxação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos, Lula disse que “se Trump taxar os produtos brasileiros, terá reciprocidade”.

“Da minha parte, a intenção é melhorar a relação com os Estados Unidos.”

Em relação ao pagamento das emendas parlamentares, Lula disse elas “foram criadas pelo governo passado, que era irresponsável” que o governo vai continuar negociando para que, “se tiver que dar emendas, vai pagar emendas subordinadas a projetos de interesse do estado brasileiro.”