São Paulo – A magnitude da crise provocada pelo novo coronavírus pode ser igual ao maior do que aquela vista em 2008, no entanto, a recuperação deve ser mais rápida porque as economias estão mais bem posicionadas neste momento, disse o diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, em entrevista para a Bloomberg TV.
“A raiz da crise atual é diferente aquela de 2008 ou da grande depressão dos anos 30. Outra diferença é que os fundamentos da economia mundial são melhores agora, por isso, acredito que quando esse momento passar, a recuperação será rápida e mais firme”, afirmou.
Azevêdo, no entanto, não soube prever quando essa retomada econômica irá acontecer, mas se mostrou otimista com relação às obstruções na cadeia de suprimentos provocadas pelas medidas de restrição adotadas para conter a disseminação do novo coronavírus ao redor do mundo.
“Tudo dependerá de quanto essa pandemia irá durar. A cadeia de suprimentos precisará passar por ajustes se houver um grande período de obstrução, mas a China já dá sinais de retomada e outros países da Ásia também parecem estar prontos para isso”, disse.
Questionado sobre o papel da OMC na crise atual diante das recentes medidas protecionistas adotadas por alguns governos, Azevêdo negou que a organização tenha alguma responsabilidade pelo momento atual.
“Essa crise não tem a ver como protecionismo ou barreiras comerciais. A crise está ligada às medidas de restrição que precisaram ser adotadas para conter o vírus e isso trava a economia. O que está provocando uma queda no comércio neste momento é a queda o PIB [Produto Interno Bruto] global”, afirmou.
Para Azêvedo, as medidas contra a crise do novo coronavírus devem entrar em uma nova fase a partir de agora. “Devemos ver uma ação coordenada mais global, talvez em nível do G-20”, acrescentou ele, referindo-se ao grupo que reúne economias mais industrializadas e países emergentes.