Mais aumentos nas taxas serão apropriados, mas ritmo será ditado por dados, diz Powell

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São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que mais altas nas taxas básicas de juros estão previstas, mas que o ritmo delas será ditado pelos dados econômicos e o arrefecimento ou não da inflação.

“Nos próximos meses, procuraremos evidências convincentes de que a inflação está caindo, consistente com o retorno da inflação para 2%. Prevemos que os aumentos contínuos das taxas serão apropriados; o ritmo dessas mudanças continuará a depender dos dados recebidos e da evolução das perspectivas para a economia”, afirmou em discurso de abertura de sua sessão de testemunho diante do comitê Bancário do Senado.

“Tomaremos nossas decisões reunião por reunião e continuaremos a comunicar nosso pensamento da maneira mais clara possível. Nosso foco principal é usar nossas ferramentas para trazer a inflação de volta à nossa meta de 2% e manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas”, explicou ele.

Na última decisão de política monetária, há uma semana, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu por aumentar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual (pp) para a faixa entre 1,5% e 1,75%, na maior elevação da meta desde 1994. Além disso, o banco central continuará sua redução de balanço patrimonial por meio da venda de títulos hipotecários e do Tesouro.

“Fazer uma política monetária adequada neste ambiente incerto requer o reconhecimento de que a economia muitas vezes evolui de maneiras inesperadas. A inflação obviamente surpreendeu ao longo do ano passado, e mais surpresas podem estar reservadas” comentou ele, que ressaltou a importância da agilidade na resposta do Fed aos dados econômicos.

“Nos esforçaremos para evitar adicionar incertezas em um momento que já é extraordinariamente desafiador e incerto. Estamos muito atentos aos riscos de inflação e determinados a tomar as medidas necessárias para restabelecer a estabilidade de preços. A economia americana está muito forte e bem posicionada para lidar com uma política monetária mais restritiva”, acrescentou.

SITUAÇÃO ATUAL

Powell citou os últimos dados econômicos que mostraram a alta de preços, como o crescimento de 6,3% no índice do PCE em base anual. “Os dados disponíveis para maio sugerem que a medida principal provavelmente se manteve nesse ritmo ou diminuiu um pouco no mês passado. A demanda agregada é forte, as restrições de oferta foram maiores e mais duradouras do que o previsto e as pressões de preços se espalharam para uma ampla gama de bens e serviços”, justifica ele.

Ele destacou que a invasão da Ucrânia pela Rússia está aumentando os preços da gasolina e do combustível e está criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação. Além disso, “os bloqueios relacionados à covid-19 na China provavelmente exacerbarão as interrupções contínuas da cadeia de suprimentos”, comentou.

Apesar disso, ele afirma que indicadores recentes sugerem que o crescimento real do produto interno bruto acelerou neste trimestre, com os gastos de consumo permanecendo fortes. “O mercado de trabalho manteve-se extremamente apertado, com a taxa de desemprego perto de um mínimo de 50 anos, a oferta de emprego em máximos históricos e o crescimento salarial elevado”, complementou.