Mais aumentos são necessários para trazer a inflação de volta à meta, diz Mester do Fed

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São Paulo – A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Cleveland, Loretta Mester, ressaltou a necessidade de ações adicionais para conter as pressões inflacionárias e indicou possíveis aumentos nas taxas de juros. Em um discurso na segunda-feira (10), Mester destacou que a economia demonstrou uma força subjacente maior do que o previsto no início do ano, ao passo que a inflação se manteve persistentemente alta, com um progresso estagnado no controle dos índices inflacionários.

“Para garantir que a inflação esteja em um caminho sustentável e oportuno de volta para 2%, minha opinião é que a taxa de fundos precisará subir um pouco mais de seu nível atual e, em seguida, manter-se lá por um tempo enquanto acumulamos mais informações sobre como a economia está evoluindo”, afirmou Mester durante seu discurso virtual perante um fórum da Universidade da Califórnia.

A presidente do Fed de Cleveland, que não faz parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que define as taxas neste ano, não estabeleceu um cronograma específico para tais medidas. Entretanto, ela reconheceu que teria concordado com um aumento de juros no mês passado, caso seus colegas tivessem votado a favor.

“Se fosse só eu, eu teria aumentado as taxas, mas entendi o raciocínio para não mudar em junho”, afirmou Mester, destacando a importância de corresponder às expectativas do mercado. Ela também observou que sua perspectiva para a taxa dos fed funds, atualmente entre 5% e 5,25%, está alinhada, ou ligeiramente acima, da visão coletiva das autoridades de que o banco central aumentará as taxas em mais meio ponto percentual até o final do ano.

Mester enfatizou que as ações do Fed visam restaurar o equilíbrio econômico, mas ressaltou que a inflação e o mercado de trabalho ainda não estão alinhados como deveriam para conter as pressões de preços. Ela destacou que a inflação persiste em níveis teimosamente altos e abrangentes.

“A medida do núcleo indica que a inflação é teimosamente alta e ampla”, afirmou Mester. Além disso, ela apontou que, após a reabertura da economia, a demanda por mão de obra tem superado significativamente a oferta, o que tem exercido pressão sobre os salários e a inflação dos preços. Embora esteja ocorrendo um progresso para equilibrar melhor a oferta e a demanda, Mester ressaltou que é um progresso lento e que a demanda ainda está acima da oferta.

Mester também mencionou que os ganhos salariais dos trabalhadores americanos continuam altos em um momento de baixa produtividade, o que indica a necessidade de moderação desses ganhos para atingir uma inflação de 2%.

No discurso, a presidente do Fed de Cleveland também compartilhou informações sobre a perspectiva dos líderes empresariais, destacando que eles estão relatando mais otimismo em relação ao futuro. Segundo ela, a maioria acredita que não haverá uma recessão neste ano e muitos acreditam que, mesmo que a demanda desacelere um pouco mais, uma recessão será evitada ou terá um impacto mínimo.