Medidas implementadas pelo governo garantiram dólar mais baixo e crescimento da economia, diz Galípolo

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São Paulo, 4 de julho de 2023 – O economista Gabriel Galípolo, indicado à diretoria do Banco Central (BC), disse, na sabatina que está ocorrendo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que gosta do diálogo e que está à disposição para discutir como melhorar as possibilidades econômicas do país. Galípolo destacou os primeiros seis meses do governo Lula, especialmente a intenção de colocar políticas monetárias e fiscais na mesma direção.

 

“As medidas implementadas até o momento pelo governo garantiram a queda do dólar, o maior crescimento da economia e inflação mais baixa”, destacou, lembrando que o mercado já projeta juros mais baixos. O economista destacou a recuperação das reservas internacionais do país, indicadas por ele em US$ 340 bilhões, e reforçou seu otimismo com o futuro da economia do país. “Eu dobro meu otimismo nas expectativas”, afirmou.

 

Galípolo assegurou que não há risco sistêmico ao setor financeiro do país e lembrou a posição de protagonismo do Brasil na questão ambiental. Para Galípolo, a única solução para o país é crescer e acrescentou que o crescimento está ligado à agenda econômica, com pautas sendo negociadas entre executivo, legislativo e judiciário. ‘Não cabe a nenhum economista impor o que ele entende como destino da economia do país”, frisou na sua fala inicial, colocando como prioridade ouvir as necessidades da população nesse sentido.

 

Ailton de Aquino Santos, também indicado à diretoria do BC, também sabatinado hoje, disse que, se aprovado, poderá ajudar a atingir os objetivos traçados pela instituição. Destacou a ética e excelência da autarquia. “O BC exerce um papel de regulador e supervisor e hoje tem medidas modernas para garantir suas funções”, frisou, ressaltando o papel do cooperativismo de crédito. “Vamos trabalhar juntos para o crescimento desse setor”.

 

“É um trabalho desafiador, mas fundamental fiscalizar o sistema financeiro brasileiro”, afirmou, lembrando os riscos provenientes de problemas causados pelas crises financeiras internacionais no sistema bancário. “A supervisão bancária deve agir de forma proativa e deve contar com independência e autonomia”, disse. O Brasil tem liderança na supervisão e fiscalização e lamentou o encolhimento da área no país nos últimos 10 anos no que diz respeito aos recursos humanos. “São pontos que precisam ser equacionados”.

 

Aquino se disse otimista com o futuro da economia do país. Lembrou os efeitos da pandemia e prevê “tempos melhores”, citando a melhora nos dados do Boletim Focus nas últimas semanas, com aumento no PIB, queda no câmbio, revisão nas estimativas de inflação e ganhos no Ibovespa, principal indicador da B3. “Estamos entrando num ciclo virtuoso e o BC vai ajudar a alcançar melhores resultados econômicos”.

 

O candidato à diretoria de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou aos senadores que a defesa de uma moeda comum não visa uma unidade monetária única. “A ideia é não gerar constrangimentos nas negociações entre dois países, dependendo da moeda de um terceiro”, frisou, reforçando que o objetivo não é acabar com as moedas vigentes, como ocorreu na adoção do euro.

 

Galípolo lembrou de acordos que estão feitos neste sentido, citando a relação entre Argentina e China para negociar em yuan. Segundo o provável novo diretor, a intenção é evitar que o Brasil perca espaço no mercado internacional para países que estão adotando alternativas monetárias.

 

O economista lembrou que a inclusão financeira é uma agenda recorrente do novo governo e que juros mais baixos e estáveis ajudam nessa busca, pois dão acesso ao crédito. Sobre a autonomia do BC, Galípolo disse que tirar ruídos na comunicação encurta as divergências. “O debate sobre a autonomia não cabe aos diretores. Acatamos o que for determinado pelo Congresso Nacional. A diretoria está aberta ao diálogo, mas o poder eleito democraticamente é que determina o destino econômico do país”, se esquivou o diretor.

 

Galípolo admitiu que há necessidade de aprimoramento na comunicação do Banco Central. “A cada divulgação da ata do Copom, se inicia um campeonato mundial de interpretação de texto”, completou.

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