Membros do Fed querem mover política monetária para campo neutro

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São Paulo – A maioria do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) gostaria de ter aumentado a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (pp) na reunião realizada entre 15 e 16 de março. No entanto, com a guerra da Ucrânia, o comitê achou mais prudente realizar uma elevação de apenas 0,25 pp, trazendo a meta da taxa básica de juros da faixa de zero e 0,25% para 0,25% e 0,5%.
Os membros, agora, temem que a pressão inflacionária se consagre devido à perda de confiança no Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Assim, a maioria espera por mais de um aumento de 0,5 pp nas próximas reuniões para mover rapidamente a política monetária para o campo neutro.
De acordo com a ata da reunião de política monetária feita no mês passado, que marcou a primeira elevação da taxa básica de juros do Fed desde 2020, todos os participantes concordaram que a economia norte-americana estava muito forte, com um mercado de trabalho extremamente apertado, e que a inflação estava alta e bem acima do objetivo de inflação de 2% do Comitê.
“Nesse contexto, todos os participantes concordaram ser apropriado iniciar um processo de remoção de acomodação de políticas, aumentando a meta da taxa básica de juros nesta reunião”, afirma o documento.
Segundo a ata, os aumentos contínuos na taxa básica são necessário para alcançar os objetivos do Comitê. “Os participantes também concordaram que a redução do tamanho do balanço do Fed desempenharia um papel importante para firmar a orientação da política monetária e que esperavam que seria apropriado iniciar esse processo em uma próxima reunião, possivelmente tão logo em maio”, explica o documento.
Os membros julgaram que o fortalecimento da política monetária, juntamente com um eventual declínio dos desequilíbrios de oferta e demanda, ajudaria a manter as expectativas de inflação de longo prazo ancoradas e reduzir a inflação ao longo do tempo para níveis consistentes com os 2% de longo prazo do Comitê, ao mesmo tempo que mantém um mercado de trabalho forte.
EFEITOS DA GUERRA
Muitos participantes observaram que – com a inflação bem acima do objetivo do Comitê e riscos inflacionários altos – eles “teriam preferido um aumento de 0,5 pp para a taxa básica de juros nesta reunião”.
No entanto, à luz da maior incerteza de curto prazo associada à invasão da Ucrânia pela Rússia, eles julgaram que um aumento de 0,25 pp seria mais apropriado.
APERTOS FUTUROS
Muitos membros observaram que um ou mais aumentos de 0,5 pp na meta da taxa básica de juros podem ser apropriados em reuniões futuras, principalmente se as pressões inflacionárias permanecerem elevadas ou intensificadas.
“Todos os participantes manifestaram o seu forte empenho e determinação em tomar as medidas necessárias para restabelecer a estabilidade de preços”, indica a ata.
Segundo o documento, os membros julgaram que seria apropriado mudar rapidamente a postura da política monetária para uma postura neutra. “Observaram também que, dependendo da evolução econômica e financeira, pode justificar-se uma mudança para uma orientação política mais restritiva”, afirma o documento.
FALTA DE CONFIANÇA
Alguns participantes julgaram que, na atual conjuntura, um risco significativo era a inflação elevada se consolidar se o público começar a questionar a determinação do Comitê de ajustar a postura da política conforme apropriado.
“Acelerar a remoção da acomodação política reduziria esse risco, ao mesmo tempo em que deixaria o Comitê bem posicionado para ajustar a postura da política se os desenvolvimentos geopolíticos e outros levassem a uma dissipação mais rápida das pressões de demanda do que o esperado”, afirma a ata.