São Paulo – O Ibovespa segue acelerando perdas acompanhando o pânico dos investidores e as Bolsas norte-americanas na volta do segundo circuit breaker do dia, se aproximando da possibilidade de um terceiro circuit breaker.
O mecanismo será acionado novamente se o índice recuar mais de 20%, o que faria as negociações serem interrompidas por tempo indeterminado. Se isso ocorrer, também será a primeira vez na história que o circuit breaker é acionado três vezes em um único dia.
Há pouco, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que pode declarar emergência nacional se for necessário em função da pandemia do coronavírus. Ele também afirmou que soube que Bolsonaro está sendo monitorado por coronavírus, já que o secretário de comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, foi infectado e estava na comitiva do presidente na viagem aos Estados Unidos. Porém, disse não estar preocupado.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 17,48% aos 70.282,94 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 8,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 segue com as negociações suspensas desde a abertura dos negócios, quando chegou ao limite de oscilação diária ao cair 5,18% aos 76.365 pontos.
Após abrir os negócios no limite de alta, acima do patamar de R$ 5,00 pela primeira vez na história, o dólar comercial desacelerou a alta, mas mantém a forte valorização após o Banco Central (BC) intervir no mercado por três vezes ao longo da manhã por meio de leilões de venda de dólares no mercado à vista.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 3,15%, sendo negociado a R$ 4,8690 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em abril de 2020 apresentava avanço de 1,0%, cotado a R$ 4,872.
“Os leilões do Banco Central ajudaram a segurar a moeda abaixo de R$ 5”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes. Ele acrescenta que, em meio ao estresse global, “não há muito” o que a autoridade monetária fazer. “Eles mostraram o que podem fazer”, diz. Ao longo da manhã, foram realizados três leilões de venda de dólares no mercado à vista com a oferta de US$ 4,75 bilhões, no qual US$ 1,6 bilhão foram aceitos.
Os ativos globais têm forte estresse na sessão com o mercado acionário acumulando fortes quedas e com negócios suspensos (circuit breaker) nos Estados Unidos e na bolsa brasileira, por duas vezes. Mais cedo, teve a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), no qual não houve afrouxamento monetário, como é esperado.
“O fluxo de notícias negativas continua impondo pressão nas bolsas de valores. O presidente [norte-americano, Donald] Trump não divulgou ontem as medidas prometidas para estimular a economia dos Estados Unidos para combater o coronavírus, mas suspendeu as viagens da Europa ao país, o que não foi bem recebido pelos investidores”, reforça o analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) saíram das máximas do dia, quando atingiram o limite de oscilação, em reação ao anúncio do Tesouro Nacional, de que irá realizar leilões de compra e venda de títulos públicos, a partir de hoje até a próxima quarta-feira. Porém, o movimento perdeu força e os vencimentos intermediários e longos revisitaram os níveis mais altos permitidos.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 5,065% no limite do dia e de 4,215% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 6,13%, subindo 1,10 ponto percentual (pp), o máximo permitido para o dia, de 5,03% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,10%, subindo +1,18 pp ante 5,92% ao final da última sessão, também na máxima; enquanto o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 8,12%, seguindo na máxima permitida para o dia e indo 1,23 pp além da taxa de 6,89% no ajuste anterior.