MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa sobe mais de 4% acompanhando as Bolsas norte-americanas, apesar da forte alta de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, o que indica que o desemprego no país pode já estar aumentando em meio a pandemia do coronavírus. Porém, na avaliação de analistas, os dados podem levar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a continuar tomando medidas de estímulos, conforme já sinalizado hoje, o que faz o tom positivo dos últimos dias ser mantido.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 3,60% aos 77.658,04 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 202 apresentava avanço de 3,93% aos 77.535 pontos.

“Os dados muito negativos dos pedidos de seguro-desemprego levaram o mercado a especular que o Fed deve anunciar mais estímulos, já que a autoridade já disse que ainda tem ferramentas para ajudar a economia. Aumentaram as apostas e pressão para isso”, disse o analista da Criteria Investimentos, Vitor Miziara.

O número de novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiu em 3 milhões na semana encerrada em 21 de março, para um total de 3,283 milhões, o dobro da previsão de 1,5 milhão de analistas.

Mais cedo, Powell disse que o Fed pode fornecer mais empréstimos se necessário, dando apoio a empresas, diante da possibilidade de a economia já estar em recessão. “Quando se trata desse empréstimo, não vamos ficar sem munição. Isso não acontece”, disse.

O analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, por sua vez, destaca que os dados foram muito negativos, mas podem ajudar o presidente Donald Trump a reiterar o pedido de um afrouxamento das regras de confinamento, como já sinalizou, embora essa visão seja polêmica e contra pedidos de organizações de saúde. “O mercado financeiro está querendo isso”, disse. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também defende o fim de quarentenas, embora governadores terem mantido medidas de restrição de comércio e circulação.

O dólar comercial tem queda firme frente ao real e opera abaixo de R$ 5,00 acompanhando o movimento mais positivo no exterior onde o dólar perde força e moedas de países emergentes voltam a se valorizar. Os Estados Unidos ficam no radar dos investidores em meio ao avanço da disseminação do novo coronavírus no país e o forte impacto na economia.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,45%, sendo negociado a R$ 5,0110 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 0,53%, cotado a R$ 5,010.

O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, avalia que o mercado está dando sequência ao movimento mais positivo iniciado no início da semana atrelado à expectativa pela aprovação do pacote de estímulos econômicos de US$ 2,0 trilhões nos Estados Unidos, aprovado pelo Senado ontem. O bom humor, observado também no mercado acionário norte-americano e aqui, prevalece pelo terceiro pregão seguido.

“Isso, somado a todas as medidas anunciadas pelos Bancos Centrais, ajudam a melhorar a perspectiva do mercado, tirando um pouco da força do dólar que subiu muito nos últimos dias em meio à aversão ao risco”, comenta o economista.

A disparada no número de pedidos de seguro-desemprego em uma semana nos Estados Unidos assustou o mercado com dados “muito além do esperado”, além de recordes. Até o dia 21, foram 3,283 milhões de pedidos, enquanto o esperado era de 1,5 milhão. Na semana anterior, o Departamento de Trabalho do país havia registrado 282 mil pedidos.

“O número veio muito pior do que as expectativas. Um nível de pedidos de seguro-desemprego muito acima do esperado deverá atenuar o impacto positivo do pacote de ajuda de US$ 2,0 trilhões aprovado pelo Congresso norte-americano”, avalia o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua.

Para Beyruti, os números assustaram, mas não devem refletir em anúncio de novas medidas, já que o pacote trilionário é “bem agressivo” para conter os impactos do novo coronavírus na economia norte-americana no curto prazo.

“Acho que o Fed já sinalizou o que pode ser feito. O governo norte-americano pode até dar indícios de que poderá injetar mais dinheiro, mas tudo depende do tempo que a curva de inflexão chegará ao pico no país e consequentemente, reduzir os casos confirmados do vírus e retomar a economia”, pondera.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em queda, após mostrar dificuldades em cravar uma direção para o dia logo na abertura do pregão. O movimento da curva a termo local segue a continuidade do rali dos ativos de risco, com o dólar cotado abaixo de R$ 5,00 e ganhos acelerados nas bolsas de São Paulo e de Nova York, com os investidores apostando em novas medidas de estímulos.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,445%, de 3,41% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,37%, de 4,50% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,63%, de 5,89%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 7,00%, de 7,46%, na mesma comparação.