MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa ampliou perdas diante da piora das Bolsas norte-americanas, com investidores ainda preocupados com o impacto do coronavírus na economia e dados mais fracos do que o esperado do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A cena política local também está mais pesada hoje, depois que o presidente Jair Bolsonaro criticou abertamente o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e que uma pesquisa da XP Investimentos mostrou queda da aprovação do governo Bolsonaro.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 6,10% aos 67.841,78 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 6,07% aos 67.850 pontos.

“Os últimos dados têm vindo bem ruins, o desemprego aumentou nos Estados Unidos e a cena política está complicada, com as declarações polêmicas de Bolsonaro. Também devemos seguir essa toada negativa até os sairmos do pico de casos de coronavírus”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.

As Bolsas norte-americanas, que operavam “de lado”, passaram a cair mais com o sentimento de cautela prevalecendo depois que os dados de emprego no país, conhecidos como payroll, mostraram o fechamento de 701 mil vagas em março, acima do esperado pelo mercado.

Ainda no exterior, apesar dos preços do petróleo continuarem em alta, há incertezas se a Rússia e a Arábia Saudita entrarão em um acordo sobre a produção da commodity. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, também disse que a disputa na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não tem mais poder para determinar o preço do petróleo no longo prazo, lembrando que a demanda deve continuar baixa. Com isso, as ações da Petrobras, que subiam com força pela manhã, chegaram a cair e, agora, possuem leve alta.

Outros papéis de peso para o índice, como os da Vale também ampliaram perdas. O dia ainda é negativo para siderúrgicas, com destaque para a Usiminas, que mostra a maior queda do Ibovespa após anunciar a paralisação dois altos-fornos na usina de Ipatinga e a suspensão de atividades na usina de Cubatão, em um sinal de que prevê drástica queda da demanda interna de aço.

Para o CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo, outros papéis ligados ao consumo interno, além da Usiminas, também estão pesados hoje, como os de varejistas e de bancos, caso do Bradesco. “O que está pesando sobre o Ibovespa são todas as ações de consumo interno, inclusive, os bancos. O cenário interno está mais mexido, mais movimentado hoje”, disse.

Ainda na cena doméstica, a questão política voltou a preocupar mais. Ontem, Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde, que tem sido elogiado, extrapolou em algum momento, mas que não pretende demití-lo “no meio da guerra”, durante entrevista à rádio Jovem Pan. A postura de Bolsonaro tem mais recebido mais críticas dentro do mercado e desaprovação popular, já que uma pesquisa da XP Investimentos mostrou que maior fatia passou a ver o governo como ruim ou péssimo.

O dólar comercial opera pressionado desde abertura dos negócios, acima de R$ 5,30, patamar inédito rompido na primeira parte dos negócios ao renovar máximas históricas sucessivas intraday após dados negativos do mercado de trabalho nos Estados Unidos exibindo os efeitos do novo coronavírus na economia norte-americana. O Banco Central atuou no mercado, mas com efeito pontual.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,04%, sendo negociado a R$ 5,3210 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maior de 2020 apresentava avanço de 1,11%, cotado a R$ 5,325.

Sobre o fechamento de 701 mil vagas de trabalho em março e a taxa de desemprego subir de 3,5% em fevereiro para 4,4% no mês passado, segundo o payroll, a equipe econômica da Capital Economics (CE) avalia que o número já está perto dos piores declínios mensais durante a crise financeira global, sugerindo que a pandemia de coronavírus começou a dizimar a economia ainda mais cedo do que se pensava.

O consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, acrescenta que um histórico de 113 meses no crescimento recorde dos empregos no país foi encerrado. “Como o governo norte-americano pesquisou empresas e famílias em meados de março, antes que grande parte da população estivesse sob algum tipo de isolamento, os dados devem piorar bastante adiante. A recessão bate à porta dos Estados Unidos também”, destaca.

Segundo os analistas da CE, os dados dos pedidos de seguro-desemprego divulgados nas últimas duas semanas do mês sugerem que a taxa de desemprego “verdadeira” já está mais próxima de 10% e que o mercado deverá se preparar para um declínio nas folhas de pagamento de até 10 milhões em abril.

“A pandemia está tendo um impacto mais significativo do que a maioria esperava até uma semana atrás. Isso aumenta a probabilidade de que o Congresso [dos Estados Unidos], em breve, tenha que fornecer apoio fiscal adicional para famílias e empresas”, ressaltam.

Com a moeda acima de R$ 5,30, o BC realizou, inesperadamente, a operação de venda de swap cambial tradicional com a oferta de até US$ 500,0 milhões, com o todo o valor aceito, o que não inibiu a força da moeda.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em queda, principalmente no trecho mais curto da curva a termo, com os dados de março sobre o emprego nos Estados Unidos (payroll) reforçando o cenário de recessão global, o que calibra as expectativas de novos cortes na Selic. Ao mesmo tempo, os vértices mais longos ficam mais pressionados, refletindo também o dólar acima de R$ 5,30.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,175%, de 3,205% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,15%, de 4,05% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,56%, de 5,40%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 7,16%, de 6,95%, na mesma comparação.