São Paulo – O Ibovespa segue ampliando ganhos em linha com as fortes altas de Bolsas no exterior, em meio a sinais de que o número de novos casos de coronavírus está desacelerando em países considerados epicentros da pandemia. As ações de bancos, que têm grande peso no índice, estão entre as maiores altas.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 7,41% aos 74.693,98 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava avanço de 7,88% aos 74.735 pontos.
Para o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, a semana, que é mais curta em função do feriado na sexta-feira, “promete ser bem melhor” que a anterior, na qual o Ibovespa caiu mais de 5%. “O menor contágio e óbitos pelo Covid-19 e acerto entre os produtores de petróleo fazem parte do cardápio possível. Bovespa e dólar devem ter menor volatilidade”, acredita.
O número de mortes diárias provocadas por infecções pelo novo coronavírus diminuiu na Itália, na Espanha e na França, de acordo com dados divulgados pelos governos de cada país, indicando que as medidas de isolamento social podem estar começando a dar resultados. O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, também afirmou ontem que o número de novas mortes parece estar diminuindo pela primeira vez, o que poderia significar que o ápice do surto de coronavírus na região esteja próximo do seu fim.
No entanto, ainda não está descartado que o índice possa ter alguma volatilidade diante de novos números, com investidores ainda acompanhando de perto o noticiário sobre a pandemia.
Também no exterior, a reunião de emergência por teleconferência agendada para hoje entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, grupo conhecido como Opep +, foi adiada para 9 de abril (quinta-feira), segundo o Ministério da Energia do Azerbaijão.
Entre as ações, as de bancos estão entre os destaques de alta e impulsionam o índice, caso dos papéis do Bradesco e do Itaú Unibanco. O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou hoje algumas medidas para combater efeitos da pandemia na economia e evitar que a liquidez fique empoçada nos bancos. Entre elas, estão a proibição de pagar dividendos e juros sobre o capital próprio acima do mínimo obrigatório, de recomprar ações, de reduzir o capital social e de aumentar a remuneração de diretores e membros do conselho de administração.
O setor, no entanto, reagiu bem às medidas, com o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmando que a decisão é “sensata e compreensível”, já que a intenção é que liquidez injetada pelo governo seja utilizada. Além disso, disse que provavelmente a distribuição de dividendos do Itaú já não seria muito superior ao mínimo obrigatório.
O dólar comercial acelerou a queda frente ao real em sessão de forte otimismo nos ativos globais, principalmente no mercado acionário, reagindo à desaceleração no número de casos confirmados e de mortes nos epicentros do novo coronavírus como na Itália, Espanha e no estado de Nova York.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,53%, sendo negociado a R$ 5,2450 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maio de 2020 apresentava recuo de 1,98%, cotado a R$ 5,253.
O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, destaca a melhora generalizada nos ativos globais com sinais de arrefecimento no quadro de contágio em alguns dos países mais afetados pela doença ao longo do fim de semana. Em países como Itália e Espanha, além dos Estados Unidos, apresentaram queda no número de casos confirmados e de mortes.
“O número de novos casos de coronavírus registrou uma queda significativa na zona do euro. A Itália e a França reportaram o menor número de mortes em duas semanas e cinco dias, respectivamente, enquanto a Espanha registrou uma redução nos óbitos relacionados à doença pelo terceiro dia consecutivo”, comenta.
Ele acrescenta que a situação nos Estados Unidos também teve “ligeira melhora” em Nova York, com redução no número de óbitos pela primeira vez. “Para alguns investidores, os números do fim de semana já passam a simbolizar uma luz no fim do túnel para essa crise. Por ora, continuamos recomendando cautela, pois os dados, apesar de positivos, ainda são inconclusivos na definição de um avanço definitivo no combate à doença”, avalia o economista.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em queda, acompanhando a melhora do apetite por ativos de risco no exterior, o que impulsiona os negócios locais com moedas e ações, em meio ao noticiário sobre a pandemia de coronavírus. As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também influenciam a curva a termo local.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,20%, de 3,175% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,03%, de 4,12% após ajustes ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,30%, de 5,54%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,87%, de 7,20%, na mesma comparação.