São Paulo – Após oscilar entre perdas e ganhos pela manhã, o Ibovespa passou a cair mais de 1% refletindo a notícia de que o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração. A maior queda das Bolsas norte-americanas também colabora para as perdas do índice.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,81%, aos 78.368,89 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava desvalorização de 1,21%, aos 78.455 pontos.
Teich, que assumiu o cargo no lugar de Luiz Henrique Mandetta, não chegou a ficar um mês no cargo, e disse que dará uma coletiva de imprensa na tarde de hoje, segundo nota divulgada pelo ministério. Há rumores de que o médico também vinha tendo divergências com o presidente Jair Bolsonaro em relação ao isolamento social e especialmente em relação ao uso do medicamento cloroquina para tratar os casos de covid-19.
“Estávamos indo bem até, o Ibovespa estava caminhando em direção aos 81 mil pontos essa semana, mas devolveu tudo, com o risco político cada vez contaminando mais” disse o CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo, sobre o impacto da demissão de Teich na Bolsa.
Analistas tinham visto um arrefecimento da preocupação com o cenário político local depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se reaproximou do Bolsonaro ontem. No entanto, a saída de Teich volta a trazer turbulências, com cautela diante de possíveis reações no mundo político e da opinião pública.
No cenário externo, o tom negativo das Bolsas norte-americanas também pesa após dados mais fracos do que o esperado das vendas no varejo. Além disso, o aumento nas tensões entre Estados Unidos e China contribuem para puxar para baixo os índices do país, depois que o departamento do Comércio afirmou que deve bloquear as encomendas de feitas à chinesa Huawei, o que pode levar o governo chinês a fazer retaliações.
Exibindo forte volatilidade, o dólar comercial tem queda firme frente ao real, renovando mínimas sucessivas a R$ 5,76, em movimento de correção técnica local e seguindo a melhora de moedas de países emergentes no exterior após um forte estresse na abertura dos negócios acompanhando o cenário externo, o que fez a moeda buscar o nível de R$ 5,90.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,18%, sendo negociado a R$ 5,8120 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2020 apresentava retração de 0.13%, cotado a R$ 5,816.
“Há um movimento de desmonte de posições defensivas. Houve também uma melhora no mercado internacional com as moedas ligadas às commodities passando a subir frente ao dólar”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
Ele destaca que “vê investidores” ainda respeitando o Banco Central (BC) que ontem “mudou” a metodologia de intervenção no câmbio, o que está “inibindo as compras especulativas”, reforça. O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, acrescenta que há um movimento técnico de realização de lucros. “Até porque o cenário externo está bem volátil”, diz.
Mais cedo, saíram dados da economia norte-americana no mês passado como os dados de vendas no varejo. A equipe econômica da Capital Economics ressalta que o impacto ligeiramente maior no consumo devido aos bloqueios do que “haviam previsto”, com a queda de 16,4% em base mensal. “Mesmo com os bloqueios diminuindo e os gastos começando a se recuperar, agora acreditamos que o consumo cairá a um ritmo anualizado de 50% no segundo trimestre”, avalia.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) intensificaram o ritmo de queda, em meio ao recuo do dólar, que já é cotado abaixo de R$ 5,80. As leituras bastante fracas dos indicadores de atividade no Brasil e no exterior inibem uma colocação de prêmios na curva a termo, diante da perspectiva de juros baixos por um período prolongado no mundo.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,57%, de 2,640% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,51%, de 3,66% após o ajuste da véspera; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,73%, de 4,84% e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,70%, de 6,80%, na mesma comparação.