MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa segue acelerando a queda e voltou aos 107 mil pontos na volta do Carnaval, em um movimento de correção depois que Bolsas ao redor do mundo despencaram nos últimos dois dias com o aumento da propagação do coronavírus fora da China. A confirmação do primeiro caso no Brasil também é mais um fator de estresse no pregão de hoje.

Por volta das 15h30 (horário de Brasília), o Iboveapa registrava queda de 5,40% aos 107.531,70 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 5,45% aos 108.010 pontos.

Para o diretor da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, a queda do índice poderia ser ainda pior, já que algumas american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York) brasileiras chegaram a cair 8% nos últimos dois dias.

“Está relativamente tranquilo perto do que vimos lá fora nos últimos dias. Foi interessante o Banco Central [BC] ter se antecipado e anunciado leilão de swap para hoje e para amanhã”, disse. A atuação do BC antes do início do pregão de hoje segura um pouco a alta do dólar e mostra que a autoridade monetária está atenta à piora dos mercados.

No entanto, o diretor destaca que os ativos devem continuar voláteis ao longo do pregão e nos próximos dias. Investidores também devem aguardar a coletiva de imprensa do presidente norte-americano, Donald Trump, após o fechamento de Wall Street, na expectativa que ele tente diminuir o nervosismo em relação ao coronavírus.

“O Trump pode tentar tranquilizar os mercados, mas não sei se vai ser suficiente”, disse, completando que mesmo com previsões de estímulos por parte de governos e bancos centrais nas economias pelo mundo, o cenário ainda é de muita incerteza.

O número de novos casos de coronavírus (Covid-19) fora da China superou os casos no país asiático pela primeira vez desde que o surto foi detectado no final do ano passado na cidade de Wuhan, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, agora existem 2.790 casos em 37 países, incluindo 44 mortes.

No Brasil, o primeiro caso foi confirmado hoje pelo Ministério da Saúde, que acrescentou que o governo está mapeando as pessoas que tiveram contato com o paciente contaminado para tentar restringir a disseminação da doença. Na China, o número de mortos subiu para 2.715, com 78.064 casos foram confirmados em 31 províncias chinesas, e há 2.491 casos suspeitos.

Entre as maiores quedas do índice no momento estão as ações do setor de aviação, um dos mais prejudicados desde o início do surto, com voos paralisados, caso da Gol e da Azul. Em seguida, aparecem as ações ligadas a commodities e à demanda chinesa, como da CSN, Gerdau Metalúrgica, Usiminas, Vale e Petrobras. Na contramão, apenas as ações da Cielo operam em alta.

O dólar comercial opera em alta frente ao real, desde a abertura dos negócios renovando máximas históricas sucessivas acima de R$ 4,42, em meio ao ajuste do mercado doméstico na volta do feriado prolongado de Carnaval. Enquanto o cenário local ficou sem negócios por dois dias, os casos de coronavírus se alastraram pelo mundo, o que levou o mercado acionário global a ter quedas profundas. Aqui, o primeiro caso da doença foi confirmado no fim da manhã.

Por volta das 15h30, o dólar comercial registrava alta de 0,95%, sendo negociado a R$ 4,4360 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava avanço de 0,97%, cotado a R$ 4,434.

É também o primeiro caso confirmado na América Latina, o suficiente para deixar o mercado em alerta. No Brasil, há ainda 20 casos suspeitos sendo monitorados. O coronavírus se alastra para outros países e os números ganham força como na Itália e no Irã. Na China, os casos confirmados passam de 78 mil casos e o número de mortes passa de 2,7 mil. Esse primeiro caso confirmado aqui se trata de um homem de 61 anos que chegou da Itália no fim da semana passada. Ele esteve no norte do país.

Diante à forte aversão ao risco global, o Banco Central (BC) anunciou duas operações de swap cambial tradicional -equivalente à venda de dólares no mercado futuro – sendo uma realizada hoje (às 13h30) e outra amanhã (às 9h30), no qual ofertará até US$ 1,5 bilhão para conter um avanço maior da moeda.

“Voltamos do feriado com a situação muito pior do que saímos. Há um movimento de fuga por risco com procura por ativos de segurança, o que penaliza as moedas de países emergentes”, comenta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Além das preocupações com o avanço da doença para outros países, além da Ásia, a economista que o cenário político interno complicado é a “gota d’água” para o comportamento dos ativos domésticos ainda piores. “Havia uma perspectiva um pouco melhor quanto ao andamento das reformas. Mas com o Bolsonaro arranjando encrenca com o Congresso, a situação se agrava muito mais”, avalia.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, acrescenta a repercussão negativa de um chamado para um ato contra o Congresso Nacional para 15 de março feito pelo presidente Jair Bolsonaro por meio de um vídeo publicado ontem em um aplicativo de troca de mensagens também entra no foco do radar e alimenta o mau humor dos ativos domésticos.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) iniciaram a sessão sem um rumo definido, em uma sessão dedicada aos ajustes após a longa pausa por causa do carnaval. Durante os dias de folia no Brasil, os mercados internacionais atemorizaram-se com a disseminação do coronavírus fora da China, o que engatou uma forte aversão ao risco no mundo.

Por volta das 15h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,185%, de 4,185% no último ajuste, na sexta-feira passada; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,73%, de 4,68% após o ajuste anterior, antes da pausa pelo carnaval o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,31%, de 5,26%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,17%, de 6,06%, na mesma comparação.