São Paulo – O Ibovespa segue em queda e chegou a perder os 100 mil pontos, o que não acontecia em mais de quatro meses, acompanhando a baixa de mais de 3% das Bolsas norte-americanas frente ao aumento de casos de coronavírus em diversos países. O índice, no entanto, mostra volatilidade e já reduziu perdas amparado pelos papéis do Bradesco.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,77% aos 101.158,12 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 1,49% aos 101.460 pontos.
“O Ibovespa está muito conectado com o mercado externo, onde as bolsas derretem. A expectativa já era de uma abertura sangrenta nos Estados Unidos”, disse o analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho.
Hoje, países como o México e a Nova Zelândia confirmaram seus primeiros casos de coronavírus, que já está presente em 49 países segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que faz uma coletiva de imprensa neste momento. Na Itália, de onde tem se originado novos casos, foram 122 novos infectados hoje, totalizando 650 pessoas e 17 mortes.
Já na Coréia do Sul, que registra o maior número de casos fora da China, houve um aumento de 571 casos entre às 16h de ontem e 16h de hoje (horário local). A taxa de alta foi maior do que a registrada pelos chineses, que reportaram um aumento de apenas 327 casos entre ontem e hoje. Ao todo, são 2.337 infectados e 13 mortes na Coreia do Sul.
Entre as ações, as maiores perdas do índice são de ações de varejo e consumo, como da Via Varejo (VVAR3 -6,74%), da Natura (NTCO3 -6,89%) e da B2W (BTOW3 -6,92%). “As ações de varejo subiram muito nos últimos dias e pode ser que estejam corrigindo neste momento”, disse o analista da Toro. O UBS também alertou hoje que uma disseminação do coronavírus no Brasil poderia impactar negativamente o varejo.
O dólar comercial tem alta firme frente ao real no mercado à vista ainda em linha com o mercado externo em meio ao temor com a disseminação do coronavírus em mais de 40 países e os impactos na economia global no primeiro trimestre do ano. Ao longo da manhã, o Banco Central (BC) realizou uma operação de venda de dólares no mercado futuro e dois leilões de recompra de dólares, conhecido como o leilão de linha.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,71%, sendo negociado a R$ 4,5090 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava avanço de 0,22%, cotado a R$ 4,499.
“A sensação de caos global com o coronavírus leva o investidor a buscas ativos seguros. A moeda é um deles. Com isso, a tendência é de que a pressão altista continue nos próximos dias”, comenta o analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho.
Ele acrescenta que, essa tendência, inibe qualquer operação do BC neste momento. “Claro, o mercado avalia que eles estão atentos e veem incômodo com o dólar neste patamar. A questão é global. O real continua sendo uma das moedas que mais se deprecia no ano”, avalia.
Perto da formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central – de fim de mês, o contrato para vencimento março é o que mais oscilou ao longo da manhã, sem direção única. “A volatilidade no [contrato] futuro ao longo da manhã ficou ligada à operação do BC e à Ptax. A mudança de contrato vai perdendo volume de negócios. Isso contribui para a volatilidade”, ressalta.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em alta, acompanhando o sinal negativo vindos dos mercados domésticos de ações e de câmbio, em meio à renovada aversão ao risco no exterior, por causa do temor quanto aos impactos econômicos do coronavírus no mundo. Ainda assim, a colocação de prêmios é limitada sob a perspectiva de uma ação coordenada por parte dos principais bancos centrais globais.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,135%, repetindo o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,66%, de 4,66% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,29%, de 5,27%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,18%, de 6,12%, na mesma comparação.