São Paulo – A defesa pública do respeito ao teto de gastos pelo presidente Jair Bolsonaro num evento voltado a investidores aumentou a busca por ativos arriscados no mercado doméstico e contribui tanto para o avanço do Ibovespa quanto para a queda do dólar nesta tarde. Por volta das 13h30 (de Brasília), o Ibovespa subia 0,77%, para 118.295 pontos, enquanto o dólar comercial recuava 2,68%, para R$ 5,3610.
Na manhã de hoje, Bolsonaro disse num evento promovido pelo Credit Suisse que “no âmbito fiscal, manteremos firme o compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e de credibilidade econômica. Não vamos deixar que medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanente de despesas.”
O compromisso de Bolsonaro com o teto de gastos – dispositivo constitucional que limita o crescimento das despesas públicas à inflação – foi interpretado como algo positivo para os investimentos porque sinaliza claramente a intenção do governo em manter em andamento o processo de ajuste fiscal, ainda que sejam necessárias medidas para ajudar financeiramente a população mais atingida pela covid-19.
Mais do que isso: em ocasiões anteriores, Bolsonaro chegou a desautorizar o ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma série de iniciativas do ministro para oferecer ajuda à população respeitando os limites do orçamento. A fala de Bolsonaro, ao lado de Guedes, sugere haver mais alinhamento entre ambos desta vez.
“O mercado está comprando a fala de Bolsonaro”, disse um experiente operador de renda variável.
Para o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, tanto as falas de Bolsonaro quanto as de Guedes – que reforçou a necessidade de não tornar permanentes eventuais despesas emergenciais e de compensar gastos extras com a pandemia com cortes em outras áreas – “estão em linha com o que o mercado quer ouvir”. “Eles jogam a favor ao dizer que estão tentando alguma uma ajuda emergencial de guerra dentro do teto de gastos”.
Entre os juros, o mercado está dividido. Além dos comentários de Bolsonaro e Guedes, os investidores também digerem a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) – que levou algumas instituições financeiras a anteciparem a aposta de quando acontecerá a alta da taxa básica de juros, a Selic. Os números da prévia de inflação em janeiro, que vieram praticamente em linha com o previsto, mexeram pouco com as taxas.
A taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) no contrato para janeiro de 2022 subia a 3,44%, de 3,38% no ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2023 caía a 5,095%, de 5,185%. A taxa para janeiro de 2025 estava em 6,65%, de 6,79%.
Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)