São Paulo – Após oscilar entre altas e baixas, o Ibovespa acelerou ganhos e chegou a subir mais de 1% com a abertura positiva das Bolsas norte-americanas e investidores apostando que bancos centrais mundiais devem agir para estimular economias diante no surto do novo coronavírus. Entretanto, a volatilidade segue elevada nos mercados.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,96% aos 106.213,82 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava avanço de 1,57% aos 106.610 pontos.
Para o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, o dia tinha tudo para ser catastrófico diante da retração mostrada por indicadores da economia chinesa no final de semana. “No entanto, as ações subiram na Ásia devido a expectativas de que os principais bancos centrais devem reduzir os juros e anunciar medidas de estímulo econômico”, disse.
Porém, para Bevilacqua, nos próximos dias o mercado deve apresentar “muita volatilidade”, com a pressão de alta devido à expectativa de ação dos bancos centrais se contrapondo às eventuais notícias negativas sobre a expansão do coronavírus e sobre o impacto dessa expansão na economia. Na cena doméstica, espera-se uma sinalização mais forte do Banco Central (BC).
Hoje, o presidente do Banco do Japão (BoJ) afirmou que a instituição promoverá ampla liquidez nos mercados. Já na Europa, o Eurogrupo fará uma reunião esta semana para discutir medidas de apoio aos países mais atingidos pelo coronavírus e, na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já tinha sinalizado que pode agir, se necessário.
No Brasil, foi confirmado o segundo caso do vírus, é um homem de 32 anos que mora em São Paulo (SP), funcionário da XP Investimentos. Ele foi atendido no Hospital Israelita Albert Einstein na sexta-feira (28) depois que chegou de Milão, na Itália, na última quinta-feira.
O dólar comercial operou a manhã em alta, mas passou a subir no início da tarde. No momento da alta, a moeda vinha acompanhando os desdobramentos do avanço do coronavírus enquanto a discussão de que Bancos Centrais deverão anunciar novos estímulos toma corpo entre os mercados, o que inclui o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e o Banco Central brasileiro.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,22%, sendo negociado a R$ 4,47740 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana apresentava recuo de 0,18%, cotado a R$ 4,481.
Mais cedo, o diretor da Correparti, Ricardo Gomes, reforçava que as questões envolvendo o coronavírus seguiam sustentando a alta da moeda, principalmente nos mercados de países emergentes. Ele acrescenta que as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) global revisadas para baixo pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) corroboravam para a continuidade da aversão ao risco.
“Sensação de depressão global com os dados da OCDE. Enquanto não houver uma constatação de melhora das atividades globais, o viés é de alta mesmo”, comenta.
Segundo a Organização, a previsão para o crescimento da economia mundial em 2020 caiu de 2,9% para 2,4%, citando como justificativa os efeitos negativos do surto de coronavírus sobre a atividade mundial.
Na China, país mais atingido pela doença, a OCDE espera que o PIB cresça 4,9%, ou 0,8 ponto porcentual (pp) a menos do que previa em novembro do ano passado. Nos Estados Unidos, a expectativa foi reduzida em 0,1 ponto percentual (pp), para 1,9%. Enquanto no Brasil, a estimativa foi mantida em 1,7%.
Os rumores de que os Bancos Centrais podem ter ação coordenada de estímulos para a economia também precificam o dólar mais alto, diz Gomes. Ele acredita que os juros devem cair globalmente, incluindo na Europa e nos Estados Unidos. “Há uma tendência natural de os BCs cortarem a taxa de juros. E o nosso banco central deve seguir essa tendência”, ressalta.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em queda acelerada, testando mínimas históricas. O movimento acompanha o comportamento dos bônus no exterior, com os investidores retirando prêmios, diante da perspectiva de uma ação coordenada de estímulos monetários por parte dos principais bancos centrais globais.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,94%, de 4,095% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,37%, de 4,59% após ajustes na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,01%, de 5,24%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,93%, de 6,14%, na mesma comparação.