Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – Após abrir em alta, o Ibovespa perdeu força e parece se firmar no campo negativo acompanhando a piora do humor no exterior depois que os Estados Unidos ameaçaram colocar novas tarifas sobre parceiros comerciais e mostrou que um acordo comercial com a China ainda pode estar distante. O índice, no entanto, mostra menor queda do que outros mercados acionários, em função de maior otimismo com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e da alta dos papéis do Banco do Brasil.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,45% aos 108.430,63 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2019 apresentava recuo de 0,31% aos 108.665 pontos.
“Parece que Trump voltou com tudo e está disposto a começar uma nova onda de taxas e retaliações”, disse o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, em relatório.
No exterior, os principais mercados acionários já operavam em queda refletindo as declarações de Trump, que disse que pode esperar até as eleições presidenciais norte-americanas, que vão ocorrer em novembro do ano que vem, para concluir um acordo comercial com a China.
No entanto, pioraram depois que Trump anunciou uma série de tarifas para parceiros como a França, após já ter afirmado que irá taxar o aço e alumínio do Brasil e da Argentina ontem. Uma reportagem da Fox News também afirmou, há pouco, que há planos de manter as tarifas para a China previstas para entrar em vigor em este mês.
Já na cena doméstica, o PIB animou investidores ao crescer pelo segundo trimestre consecutivo entre julho e setembro deste ano, em +0,6% em relação ao período imediatamente anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima da mediana projetada pelo Termômetro CMA, de +0,50%. Para o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, “a alta do PIB tem que ser comemorada, mas com parcimônia”.
Entre as maiores quedas do Ibovespa, estão as ações da Smiles, que despencam refletindo previsões para 2019 e 2020 piores do que o esperado pelo mercado. Ainda entre as maiores perdas, estão as ações da CSN e da JBS, com os papéis ligados a commodities tendo um dia negativo em função da tensão comercial.
Na contramão, as maiores altas são da MRV, do BB Seguridade, da Marfrig e do Banco do Brasil. Os papéis do banco refletem reportagem do jornal “O Globo”, que afirma que o ministro da Economia, Paulo Guedes, discute com a equipe econômica a inclusão do Banco do Brasil na lista de privatizações que será enviada ao Congresso no ano que vem.
O dólar comercial segue em queda frente ao real refletindo o otimismo do mercado doméstico em meio aos números mais positivos do PIB brasileiro no terceiro trimestre do ano, no qual cresceu 0,60%. Lá fora, investidores seguem atentos às declarações do presidente Donald Trump sobre as tratativas comerciais entre Estados Unidos e China.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,59%, seno negociado a R$ 4,1930 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2020 apresentava desvalorização de 0,73%, cotado a R$ 4,198,
Para os economistas da Capital Economics, o resultado acima do esperado contribui para a evidência de que a recuperação da economia brasileira está ganhando força. “As primeiras evidências sugerem que o crescimento deve se manter bem no quarto trimestre. Mas ainda é uma recuperação bastante suave”, dizem.
Apesar da euforia do mercado com o resultado, a leitura é de crescimento gradual e economia ainda fraca, mesmo com perspectivas melhores em relação ao quarto trimestre motivado pelo consumo das famílias.
“Uma aceleração no ritmo de recuperação no quarto trimestre é bem possível. Afinal, o consumo deve subir, o cenário é de juro baixo, de inflação comportada, além da expansão do crédito e melhora dos níveis de emprego”, comenta o operador de uma corretora local.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em queda, reagindo aos números melhores que o esperado do PIB do Brasil no terceiro trimestre deste ano. Apesar de a economia doméstica estar ganhando tração, os investidores mantêm as apostas de novo corte na Selic neste mês.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,614%, de 4,641% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,73%, de 4,75% do ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,91%, de 5,96%, na mesma comparação; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,50%, de 6,57%, respectivamente.