Por Eduardo Puccioni e Flavya Pereira
São Paulo – O índice Ibovespa reverteu a alta da abertura e passou a operar em queda em dia de correção e baixa liquidez nos mercados devido ao final de ano. Analistas de mercado destacam que os mercados acionários devem enfrentar volatilidade nas últimas sessões do ano.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,48% aos 116.635,89 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 6,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava recuo de 0,30% aos 117.370 pontos.
Para o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, a “sensação” é de que o rali de fim de ano pode seguir nos próximos dias. “O Ibovespa pode até testar o patamar de 120 mil pontos. Não há notícias negativas no radar, seja aqui como lá fora”, diz.
Ele acrescenta que a assinatura do acordo preliminar entre Estados Unidos e China está próxima e deu aos índices das bolsas de valores norte-americanas a confirmação de recordes de pontuação neste mês, sendo que só o índice Nasdaq acumula alta de 36% neste ano.
Já o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, destaca o desempenho das bolsas internacionais que operam em alta e podem testar novos recordes nesta sexta-feira. “Marcando 2019 como o ano dos ativos de risco”, avalia.
Apesar da expectativa para mais um pregão de recorde, o trader de mesa da Travelex Câmbio, Pedro Molizani, pondera que, se depender do “clima risk-on” dos mercados globais, o Ibovespa deve experimentar mais um dia de valorização. Porém, o novo recorde histórico de ontem, quando o índice fechou em 117.203,20 pontos, “oferece” espaço para alguma realização.
Na penúltima sessão do ano, o dólar comercial opera em queda frente ao real abaixo de R$ 4,05 em movimento global de apetite ao risco em meio ao arrefecimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a ausência de notícias negativas. Aqui, começa a disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês, em meio à falta de liquidez, o que pode manter a moeda em queda.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,27%, sendo negociado a R$ 4,0520 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2020 apresentava recuo de 0,16%, cotado a R$ 4,050.
Segundo o analista da Correparti, Ricardo Gomes Filho, as expectativas positivas nas tratativas comerciais entre Estados Unidos e China seguem sustentando o bom humor do mercado global e respinga nas moedas de países emergentes. “A China revelou ontem que está em contato próximo com os norte-americanos e que a assinatura do acordo, a chamada fase 1, está na etapa de traduções e deverá ocorrer em cerimônia específica”, comenta.
O analista reforça que, lá fora, o enfraquecimento do dólar “evidencia” a tendência do investidor global em assumir risco nas últimas sessões do ano. “Internamente, a liquidez já se mostra bem reduzida e os ativos devem seguir o exterior, visto que a agenda de indicadores locais, apesar de relevante, não deve influenciar no preço”, diz.
“Verdade seja dita, o noticiário carece de manchetes que embasem o recuo da moeda estrangeira. Restam explicações técnicas de fim de ano como a formação de preço da Ptax”, dizem os analistas da Commcor.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) apresentam ligeira alta na sessão de hoje em meio ao ajuste após o recuo de ontem. O viés vai na contramão do dólar que registra mais um dia de queda. o Indice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) dentro do previsto pelo mercado também ajuda para a correção de hoje.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 subia para 4,60%, de 4,58% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,89%, de 5,86% após o ajuste de ontem; e o DI para janeiro de 2025 estava com taxa de 6,53%, de 6,50%, na mesma comparação.