São Paulo – O Ibovespa segue em queda expressiva refletindo as ofensivas dos Estados Unidos contra empresas chinesas e Hong Kong, além de ser puxado por perdas de ações da Petrobras e de bancos, após o Senado ter aprovado ontem um projeto de lei que limita a cobrança de juros sobre cartões de crédito e cheque especial.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,30%, aos 102.771,27 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2020 apresentava recuo de 1,06%, aos 102.745 pontos.
Ontem, o presidente norte-americano, Donald Trump, decretou um veto a transações com os aplicativos chineses TikTok e WeChat por 45 dias, destacando riscos à segurança nacional. As ações da Tencent, controladora da WeChat, fecharam em queda de mais de 5% na Bolsa de Hong Kong. Além disso, a Casa Branca pretende penalizar empresas chinesas cotadas em Bolsas nos Estados Unidos. As empresas podem ser forçadas a parar de negociar a menos que atendam a novos requisitos de auditorias.
Há pouco, o governo norte-americano ainda acusou a China de acabar com autonomia de Hong Kong, sancionando oficiais locais.
Com o crescimento da tensão entre os dois países, as Bolsas operam majoritariamente em queda no exterior, embora tenham chegado a reduzir perdas com os dados mais fortes de emprego nos Estados Unidos. Os números, conhecidos como payroll, mostraram a criação de 1,8 milhão de vagas em julho, acima das 1,617 milhão de vagas esperadas pelo mercado.
Por outro lado, o operador de renda variável da Commcor Corretora, Ari Santos, destaca que os mercados podem melhorar caso republicanos e democratas entrem ainda hoje em um acordo sobre o novo pacote de ajuda econômica, para conter a crise causada pelo coronavírus. “Ainda não sabemos exatamente o tamanho do pacote e do auxílio a desempregados e mais dinheiro na economia norte-americana pode melhor o humor dos mercados em geral”, disse.
No Brasil, as ações de bancos reagem negativamente à aprovação do projeto de lei que limita em 30% ao ano os juros sobre cartão de crédito e cheque especial, o que impactaria resultados do setor. Porém, há previsão de que o projeto tenha mais dificuldades de ser aprovado na Câmara dos Deputados. As ações do Itaú Unibanco, por exemplo, caem mais de 2%.
O dólar comercial segue em firma alta na sessão de hoje acompanhando as tensões entre Estados Unidos e China na briga por empresa de tecnologia. Além disso, permanece o impasse sobre a aprovação do pacote de estímulo norte-americano no montante de aproximadamente US$ 1,0 trilhão.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava avanço de 1,55%, sendo negociado a R$ 5,4280 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2020 apresentava valorização de 1,75%, cotado a R$ 5,432.
“As moedas latino-americanas iniciaram a sessão de sexta-feira negativas em relação ao dólar, com as crescentes tensões sino-americanas envolvendo empresas de tecnologia e a falta de um acordo entre os legisladores dos Estados Unidos em torno de um novo pacote de estímulos, mantendo os investidores na defensiva”, explicou, em relatório, Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em alta, em dia de ajustes após a forte queda ontem, quando reagiu às sinalizações do Comitê de Política Monetária (Copom). O movimento de recolocação de prêmios é conduzido pela alta do dólar para além de R$ 5,40e pelo ambiente externo mais avesso ao risco, em meio à escalada da tensão entre Estados Unidos e China.
Às 11h45, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 1,865%, de 1,865% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 2,63%, de 2,57%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 3,72%, de 3,64% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,41%, de 5,25%, na mesma base de comparação.