Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa voltou a acelerar ganhos amparado na disparada de ações de bancos em meio a um cenário externo positivo, depois que a China e Estados Unidos marcaram um encontro em outubro para retomar as negociações comerciais.
Por volta das 13h30 (Horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,66% aos 102.884,75 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 1,86% aos 103.485 pontos.
Segundo o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, as declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, de que há projetos que podem levar a uma queda “estrutural” e “muito grande ” de depósitos compulsórios, podem ter ajudado na disparada dos bancos, que já vinham subindo com o cenário externo mais positivo e buscando uma recuperação depois de quedas recentes. “Acredito que os fundos estão recomprando as ações, os bancos tinham caído muito em julho e agosto”, afirmou.
O diretor de operações da Mirae Asset Corretora, Pablo Spyer, por sua vez, destaca que a notícia do encontro entre os dois países é “muito positiva” depois da escalada da tensão com retaliações e aplicações de sobretaxas.
Os papéis de bancos passaram a ficar entre as maiores altas do Ibovespa, com destaque para os do Bradesco e Itaú Unibanco. Em seguida, aparecem as ações do setor aéreo, Gol e Azul. Segundo o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber, dados de demanda por voos divulgados pelas companhias vieram positivos, além da queda do dólar ser benéfica para o setor. Na contramão, as maiores quedas do Ibovespa no momento são das ações d aHypera, da Notre Dame Intermédica e da Klabin.
Na cena doméstica, Weber também destaca que que o presidente Jair Bolsonaro deu novas declarações tentando desfazer o mal-estar depois que disse que considerava mudar o teto de gastos do governo. Hoje, Bolsonaro contou que falou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que o teto não deve ser flexibilizado. Uma flexibilização do teto de gastos agora poderia passar uma impressão de afrouxamento fiscal.
O dólar comercial sustenta queda frente ao real, nos menores níveis desde 22 de agosto, em meio ao otimismo generalizado que prevalece nos mercados globais com a notícia de que Estados Unidos e China terão uma nova rodada de negócios em outubro. Aqui, investidores seguem atentos à reforma da Previdência, agora, em curso no Senado.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o dólar comercial registrava queda de 0,26%, sendo negociado a R$ 4,0950 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava ligeiro avanço de 0,01%, cotado a R$ 4,101.
A volta dos dois países à mesa de negociações melhora o ambiente, já que o exterior foi o principal motivo da valorização do dólar que temos observado nas últimas semanas, sobretudo no que tange à guerra comercial”, comenta o operador de câmbio da Advanced, Alessandro Faganello.
Porém, ele reforça que, enquanto os investidores veem com “bons olhos” a reaproximação entre os países, eles analisam também os dados econômicos. “A [pesquisa] ADP veio acima das expectativas, enquanto o número de pedidos de auxílio desemprego tiveram leve alta. O mercado de trabalho norte-americano tem demonstrado força, mesmo em meio as tensões comerciais com a China, que começam a minar novos investimentos e a fabricação das empresas”, avalia.
Na pesquisa, o número de vagas criadas em agosto no setor privado foi de 195 mil, acima do registrado em julho (142 mil, em dado revisado) e da expectativa de 140 mil vagas. Já o número de pedidos semanais de auxílio desemprego somaram 217 mil na semana encerrada em 31 de agosto.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) passaram a subir, principalmente nos vértices mais longos, com a curva a termo descolando-se do sinal negativo vindo do dólar e ajustando-se à perspectiva de mais um corte na Selic neste mês. O movimento relega a continuidade do cenário externo menos avesso ao risco.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,37%, de 5,375% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 5,42%, repetindo o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 estava em 6,49%, de 6,46% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 7,03%, de 6,99%, na mesma comparação.