Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa opera em alta nesta manhã após o Banco Central Europeu (BCE) confirmar um corte de taxa de depósito e lançar um novo programa de compra de ativos, além disso, os Estados Unidos adiaram a aplicação de algumas tarifas a produtos importados da China, o que faz a maioria dos mercados acionários operarem com ganhos no exterior. As altas, no entanto, estão modestas, já que já se esperava que o BCE pudesse anunciar estímulos para a economia da região.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,91% aos 104.391,57 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,75% aos 104.890 pontos.
“Já era esperado que o BCE cortasse a taxa. Também está se discutindo a questão de juros negativo ao redor do mundo, se essa vai ser uma nova realidade, se é possível no longo prazo. O mercado tenta entender como isso vai funcionar”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.
Além dos estímulos econômicos por parte do BCE, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou em duas semanas, para o dia 15 de outubro, a alta planejada de 25% para 30% na alíquota das tarifas aplicadas a US$ 250 bilhões em produtos importados da China, em mais um sinal de que as negociações comerciais entre os dois países podem voltar a andar. No entanto, o mercado segue mais cético quanto as declarações de Trump e ainda observando a questão.
Entre as ações, as de blue chips ajudam hoje, com destaque para ações da Vale e de siderúrgicas, como CSN, que refletem a alta dos preços do minério de ferro. Já as maiores altas do Ibovespa são da Embraer, que refletem elevação de recomendação do UBS para compra, e da Yduqs, que anunciou a compra da totalidade das cotas da Sociedade de Ensino Superior Toledo (UniToledo) por R$ 102 milhões.
O dólar comercial desacelerou os ganhos frente ao real, chegando ao nível de R$ 4,05, influenciado pelo alívio na guerra comercial entre Estados Unidos e China e reagindo à decisão de política monetária do BCE. Após a abertura dos negócios nos Estados Unidos, o dólar passou a se fortalecer frente às principais moedas.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava ligeira queda de 0,02%, sendo negociado a R$ 4,0640 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de 0,14%, sendo cotado a R$ 4.067.
Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o anúncio do BCE de compra de 20 bilhões de euros em títulos de dívida foi a senha para o mercado se animar e as moedas ganharem contra o dólar no início do pregão. A moeda chegou a renovar mínimas a R$ 4,0280 (-0,91%), no menor valor desde 22 de gosto.
O operador de câmbio da Advanced, Alessandro Faganello, reforça que apesar de o BCE usar instrumentos que ainda tem para estimular as economias da zona do euro, por outro lado, busca minimizar a preocupação do setor bancário.
“O BCE demonstra sua preocupação em facilitar os termos de seus empréstimos de longo prazo, acrescentando que o anúncio de taxas de depósitos diferenciadas é para atender o pedido que o sistema bancário pleiteava”, comenta o operador. A autoridade monetária cortou 0,1 ponto percentual (pp) da taxa de depósitos, indo a -0,50% ao ano.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em queda firme, beneficiadas pelo recuo do dólar e pelo ambiente externo mais favorável ao risco, após sinais de arrefecimento na guerra comercial e novos estímulos monetários por parte do BCE. A surpresa com mais um dado de atividade doméstica também dá ritmo aos negócios locais.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,275%, de 5,30% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 5,36%, de 5,38%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,42%, de 6,45% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,97%, de 7,00%, na mesma comparação.