São Paulo – O Ibovespa segue acelerando ganhos puxado por ações como as da Vale e da Petrobras e voltou a superar os 107 mil pontos, o que não acontecia desde o início de março, antes de o índice sofrer uma série de circuit breakers em função da pandemia de coronavírus.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,83%, aos 107.322,99 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 15,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava avanço de 0,56%, aos 107.500 pontos.
Mais cedo, o Ibovespa operava em leve queda seguindo a cautela vista nos mercados acionários no exterior em função do avanço da segunda onda de covid-19, embora ainda permaneçam expectativas positivas sobre uma vacina.
No cenário externo, apesar de ainda prevalecer a cautela, as principais Bolsas também já mostraram uma leve melhora, operando mistas no momento. Investidores acompanham a participação da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em fórum econômico. Lagarde afirmou que a segunda onda representa riscos econômicos.
Já na cena doméstica, as ações da Vale (VALE3 3,91%), que já estavam entre as maiores altas do Ibovespa, aceleraram ganhos, em dia de alta dos preços do minério de ferro na China. Ontem, fontes afirmaram que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vendeu 40 milhões de ações da mineradora a R$ 63,62, somando R$ 2,5 bilhões. O banco já vinha afirmando que tinha intenção de desfazer de sua participação na companhia e vinha vendendo os papéis aos poucos.
Para o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter, o movimento pode ser positivo para a companhia no longo prazo e o cenário para a Vale tem melhorado, com o minério de ferro em alta e o câmbio ainda depreciado. Analistas também têm afirmado que provavelmente um investidor estrangeiro levou as ações da mineradora e que aos poucos os “gringos” têm voltado a se interessar por ativos brasileiros, com a Bolsa mais barata em dólar.
Os papéis da Petrobras (PETR3 2,13%; PETR4 1,84%) também ganharam força apesar da leve baixa dos preços do petróleo hoje. O mercado está de olho no início da reunião do comitê ministerial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, que avaliam ajustes de cortes da oferta do petróleo em meio ao impacto da pandemia.
O dólar comercial tem queda firme frente ao real, com leves oscilações ao redor de R$ 5,40, em movimento descolado do exterior com investidores locais reagindo ao comunicado do Banco Central (BC), que rolará um montante de R$ 11,8 bilhões em operação de swap cambial tradicional.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,50%, sendo negociado a R$ 5,3540 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2020 apresentava recuo de 1,19%, cotado a R$ 5,356.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o BC deixa em aberto a possibilidade de maior intervenção no mercado de câmbio no fim do ano. “É para fazer frente à demanda maior pela divisa norte-americana que os bancos devem ter para se adequar à nova legislação sobre overhedge. Isso faz o real se valorizar, apesar da desvalorização das outras moedas [de países] emergentes”, comenta.
O diretor de câmbio de uma corretora local acrescenta que a moeda norte-americana abriu nas mínimas, a R$ 5,38, reagindo ao comunicado, mas rapidamente passou a oscilar acima de R$ 5,40. “Após os ajustes iniciais de abertura, a moeda recuperou um pouco de valor. Mas o viés é de aversão ao risco no mundo”, diz.
Diante do avanço da segunda onda de contaminação por covid-19 na Europa e nos Estados Unidos, o receio dos investidores é de que economias possam ter momentos difíceis antes de se chegar a uma vacina em combate à doença.
As taxas dos contratos de juros futuro (DIs) seguem oscilando entre margens estreitas e com um ligeiro viés negativo, na esteira da queda do dólar. Ainda assim, a movimentação da curva a termo é limitada pela expectativa por novidades no front político, em meio à espera dos investidores pelo avanço das pautas reformistas no Congresso.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,21%, de 3,29% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,79%, de 4,89% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,57%, de 6,69%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,35%, de 7,47%, na mesma comparação.