São Paulo – Após mostrar mais indefinição perto da abertura do pregão, o Ibovespa opera em leve queda acompanhando a abertura das Bolsas norte-americanas, de olho em ruídos trazidos pelo Tesouro norte-americano, que se recusou a prorrogar programas de empréstimo lançados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Por outro lado, investidores estão confiantes de que uma vacina contra o coronavírus possa ser autorizada em breve.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,19%, aos 106.465,97 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava avanço de 0,01%, aos 106.515 pontos.
A decisão do Tesouro de encerrar programas de empréstimos e de também ter pedido que o Fed devolva parte do dinheiro passado ao banco central trouxe dúvidas sobre a capacidade dos Estados Unidos de continuar estimulando a economia. Há pouco, porém, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, negou que a decisão tenha sido política e tentou minimizar a questão ao afirmar que ainda há muito dinheiro disponível para fornecer fundos se necessário.
Para o head de produtos da Speed Invest, Carlos Eduardo Pinheiro Corrêa, a questão traz ruídos, mas o principal gatilho para os mercados deve ser o noticiário sobre a vacina e pandemia.
“O mercado está volátil e isso faz parte, mas quanto mais perto chegarmos de uma vacina menor a preocupação com os impactos da pandemia. Há dúvida sobre o ritmo que a segunda onda vai avançar, mas há sinais de que uma vacina deve ser aprovada em breve”, disse.
Hoje, ajuda a notícia de que a Pfizer pedirá à organização equivalente à Anvisa norte-americana a autorização de uso de emergência de sua candidata à vacina contra a covid-19, o que permitiria seu uso já no final de dezembro.
Entre as ações, as maiores quedas do Ibovespa são da Petro Rio (PRIO3 -5,95%), da Azul (AZUL4 -2,18%) e do Magazine Luiza (MGLU3 1,62%), que devolvem altas recentes. Ontem, as ações da Petro Rio subiram mais de 20% após a compra de fatia em dois campos de petróleo.
Após exibir forte oscilação na abertura dos negócios, o dólar comercial firma alta frente ao real e opera acima de R$ 5,36 acompanhando o exterior após declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, além de um viés de correção local.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,26%, sendo negociado a R$ 5,3810 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2020 apresentava avanço de 1,39%, cotado a R$ 5,380.
“O Tesouro deixa claro que está atento e se, for preciso, tem munição para ajudar a economia norte-americana”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, acrescentando que a moeda local tem viés de correção após as perdas recentes.
Mnuchin declarou, em entrevista para a rede CNBC, que se reunirá nas próximas semanas com os democratas para discutir um pacote de estímulos direcionados. “Vamos bolar um plano para nos reunirmos com [a presidente da Câmara, Nancy] Pelosi e [o líder da minoria no Senado, Chuck,] Schumer e tentar fazer um projeto de lei direcionado para as pessoas que realmente precisam dele”, disse.
Além disso, ele afirma que a decisão do Tesouro em não estender vários programas que o Fed implementou este ano para mitigar os efeitos da crise provocada pela pandemia e expiram em 31 de dezembro, não foi uma decisão política.
“O dólar também ficou ‘barato’ na abertura, o que chamou importador e tesourarias de bancos para a recomposição de posições. Isso corrobora para a alta”, reforça Rugik.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) sustentam um ligeiro viés positivo, mas sem forças para intensificar o movimento de colocação de prêmios, apesar da alta do dólar, que volta a ser cotado perto de R$ 5,35, e das incertezas em relação à sustentabilidade da dívida pública. A falta de progresso no cenário político em Brasília, passadas as eleições municipais, também traz cautela aos negócios na curva a termo.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,33%, de 3,29% do ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,06%, de 4,98% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,88%, de 6,80%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,67%, de 7,60%, na mesma comparação.