São Paulo – O Ibovespa iniciou a última sessão desta semana em queda, mais uma vez recuando depois de se reaproximar da possibilidade de zerar as perdas registradas no decorrer de 2020. O declínio do principal índice do mercado brasileiro de ações é atribuído a um sentimento de aversão generalizada ao risco entre os investidores em meio a más notícias relacionadas à pandemia.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,62%, aos 114.410,06 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava recuou de 0,76%, aos 114.430 pontos.
“Além de o número de contaminados diários continuar subindo em vários países, notícia de que uma das vacinas em desenvolvimento vai sofrer atraso aumenta a percepção de risco”, adverte a Renascença Corretora em relatório.
A análise refere-se à notícia de que a vacina desenvolvida em conjunto pelo laboratório francês Sanofi e pelo britânico GlaxoSmithKline sofrerá atrasos devido à constatação de que a reação imunológica da substância em idosos é insuficiente.
Ainda na Europa, “a crescente percepção de que deve ocorrer um ‘hard Brexit’ fazia as bolsas recuarem em bloco”, prossegue a Renascença. Nos Estados Unidos, enquanto isso, segue o impasse entre democratas e republicanos em torno de um pacote de estímulo à economia do país.
O dólar comercial acelerou os ganhos e tem alta firme frente ao real, mas ainda opera abaixo de R$ 5,10, acompanhando o exterior onde a moeda norte-americana ganha terreno em relação às divisas pares e de países emergentes em sessão de aversão ao risco. Além disso, aqui, prevalece o viés de correção após a forte queda ontem.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava estabilidade, sendo negociado a R$ 5,0420 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2021 apresentava avanço de 0,29%, cotado a R$ 5,042.
O estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, reforça que os ativos domésticos acompanham o mercado global, que passa por um movimento de “realização dos lucros”, principalmente após os ganhos de ontem. “Mas o cenário-base para o mercado permanece positivo no longo prazo”, pondera. A moeda fechou no menor valor em seis meses, a R$ 5,04.
O analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi, acrescenta que os ativos globais repercutem também as dificuldades de aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, além do aumento de casos de covid-19 nos Estados Unidos e na Europa. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aponta para a possibilidade de o Reino Unido sair do bloco europeu sem fechar um acordo comercial até 31 de dezembro.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem com oscilação estreita e sem um viés definido, em uma sessão marcada pelo baixo giro financeiro. Os investidores sustentam os níveis de ontem, quando reagiram ao comunicado duro (“hawkish”) do Comitê de Política Monetária (Copom), embora a alta do dólar, o exterior mais avesso ao risco e a cena política local pressionem a curva a termo para cima.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,025%, de 3,08% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,40%, de 4,46% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,98%, de 6,03% do ajuste da véspera; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,80%, de 6,83% do último ajuste.