São Paulo – Depois de zerar as perdas em 2020 na sessão de ontem, o Ibovespa abriu sem uma direção clara para os negócios apesar do otimismo externo. O índice parece dispor de espaço para alcançar níveis mais elevados no pregão desta quarta-feira, mas pode esbarrar nos riscos locais, especialmente aqueles relacionados à vacinação no Brasil.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,29%, aos 115.809,92 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava recuo de 0,58%, aos 115.650 pontos.
Os avanços em uma solução negociada para o Brexit a expectativa de um acordo em torno de um novo pacote de estímulo à economia dos Estados Unidos sustenta o avanço das principais bolsas de valores europeias e a leve alta nos índices de ações de Nova York.
A questão mais premente no momento, segundo analistas consultados pela CMA, é se o Ibovespa terá fôlego para ir muito além do nível atual e eventualmente buscar novos recordes em meio aos persistentes riscos políticos e fiscais locais e também aos riscos associados à pandemia, especialmente no que tange à politização da vacinação contra a covid-19.
Apesar dos fatores de risco, Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, considera que “o viés continua positivo para o Ibovespa na semana, que já reverteu o saldo negativo no acumulado do ano”.
Para além da abertura dos negócios, diante de uma agenda local fraca, os investidores aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve Bank, o banco central norte-americano, o que pode limitar a liquidez e provocar alguma volatilidade no índice ao longo do dia.
O dólar comercial oscila frente ao real, ainda em alta e abaixo dos R$ 5,10, com investidores atentos aos desdobramentos das negociações em torno da aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos, no qual os líderes do Congresso seguem com as tratativas, enquanto o mercado aguarda a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Aqui, as atenções se voltam à possível votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,94%, sendo negociado a R$ 5,1340 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2021 apresentava avanço de 1,01%, cotado a R$ 5,134.
O diretor de uma corretora nacional destaca o movimento da moeda local, descolado do exterior, refletindo a “cautela fiscal” dos investidores locais preocupados com a votação da LDO no Congresso, prevista para hoje.
Enquanto isso, lá fora, investidores seguem na expectativa de novidades em torno das negociações de uma nova rodada de estímulo fiscal norte-americano, o que também leva ativos globais a oscilarem. Mais tarde, sai a decisão do Fed, no qual o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, reforça que são praticamente nulas as probabilidades de qualquer alteração na taxa de juros.
“A questão é como o Fed vai avaliar o impacto da vacina [contra a covid-19] sobre a economia norte-americana. Especificamente, se famílias e empresas vão precisar de mais estímulos econômicos e monetários até que a vacinação cubra uma parcela importante da população e aumente a imunidade dos americanos”, avalia.
Bevilacqua acrescenta que, ao passo em que as vacinas são desenvolvidas e começam os processos de imunização no Reino Unidos e agora, nos Estados Unidos, as perspectivas para 2021, incluindo as do Fed, devem melhorar.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) operam em alta na manhã de hoje. Segundo analistas de mercado, a renegociação da dívida dos Estados tem impactado, com a colaboração do avanço do dólar comercial e na expectativa pela decisão da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,985%, de 2,945% em relação ao ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,395%, de 4,27%; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,98%, de 5,83%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,82%, de 6,68%, na mesma comparação.