São Paulo – O Ibovespa abriu no azul nesta terça-feira, recuperando parcialmente as fortes perdas da véspera enquanto acompanha a alta nos mercados de ações da Europa, que também se recompõem do susto inicial provocado pelo surgimento de uma nova cepa do novo coronavírus.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,46%, aos 116.357,13 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 apresentava avanço de 0,49%, aos 116.475 pontos.
Hoje, afirmações de cientistas segundo os quais as vacinas em desenvolvimento são eficazes também contra a mutação recém-descoberta tiram um pouco do peso sobre os mercados financeiros internacionais, onde os investidores dão preferência à repercussão da aprovação de um pacote de estímulo à economia dos Estados Unidos pelo Congresso na noite de ontem e da recuperação do PIB norte-americano no terceiro trimestre.
No cenário local, além do avanço desenfreado da pandemia, analistas chamam a atenção para a leitura do IPCA-15, que acelerou em dezembro, mas ficou aquém das expectativas dos participantes do mercado.
Todo esse cenário alimenta a expectativa de uma recuperação do Ibovespa hoje, segundo a equipe da Mirae Asset.
Em relação aos riscos locais, a equipe econômica do governo corre contra o relógio para impedir a votação de uma PEC que, se aprovada, elevará em 1% as transferências da União aos municípios, com custo anual de R$ 4 bilhões ao Tesouro.
O dólar comercial tem alta firme frente ao real, renovando máximas sucessivas acima de R$ 5,16, após oscilar com sinal negativo reagindo à divulgação da terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre, no qual veio dentro do previsto. A moeda estrangeira se fortalece ante os pares e divisas de países emergentes.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,58%, sendo negociado a R$ 5,1530 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em janeiro de 2021 apresentava avanço de 0,68%, cotado a R$ 5,152.
“O dólar acompanha o fortalecimento da divisa no exterior. Até oscilou em queda após sair o PIB norte-americano, que veio em linha com as previsões”, comenta o diretor de câmbio de uma corretora nacional. A economia dos Estados Unidos cresceu 33,4% no terceiro trimestre na terceira leitura do indicador. O resultado veio levemente acima do apurado anteriormente e da previsão do mercado, ambos +33,1%.
Para o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, os ativos mudaram de tendência na reta final do ano. “É uma mudança na maneira de o mercado analisar o impacto da pandemia sobre a economia. Há um novo consenso de que a existência de uma vacina eficaz contra o coronavírus e sua aplicação em larga escala deixou de ser uma questão de ‘se’ e passou a ser uma questão de ‘quando'”, avalia.
Bevilacqua acrescenta que “podemos estar no início de mais uma onda de valorização acentuada dos preços dos ativos em escala global”.
Ao mesmo tempo em que as taxas dos contratos futuros de juros (DIs) sofrem pressão de queda após a divulgação de indicador de inflação no Brasil abaixo do esperado, há também uma pressão para cima, com a valorização do dólar comercial frente ao real. Com isso, as taxas perderam força de queda, mas seguem no viés de recuo.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,905%, de 2,960% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,325%, de 4,41%; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,89%, de 5,94%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,66%, de 6,72%, na mesma comparação.