MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa iniciou em queda uma sessão na qual bolsas estrangeiras passam por realização de lucros e os investidores repercutem nos preços dos ativos os mais recentes comentários do presidente Jair Bolsonaro em favor do retorno do auxílio emergencial.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,17% aos 119.483,32 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 apresentava recuo de 0,15%, aos 119.480 pontos.

Apenas alguns dias depois de se comprometer com o teto de gastos durante evento promovido por um grande banco estrangeiro, o presidente disse ontem em entrevista a um canal de televisão que o auxílio emergencial pode voltar mesmo sem que haja contrapartidas. A fala presidencial teve o coro dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, segundo os quais o pagamento do auxílio emergencial ocorreria de forma “excepcional”, por fora do orçamento federal.

Com o cenário fiscal comprometido por causa da pandemia, a consequência mais provável da volta do benefício sem que haja cortes em outras áreas é o rompimento do teto de gastos, tão caro aos agentes do mercado financeiro.

Trata-se apenas do mais recente caso no qual o presidente, na tentativa de agradar a plateia do momento, verbaliza afirmações que se contradizem entre si, algo que tem incomodado investidores e analistas de mercado.

Na semana passada, horas depois de se comprometer com os caminhoneiros na tentativa de debelar uma ameaça de greve por causa da alta no preço do óleo diesel, Bolsonaro veio a público negar ingerência do governo na política de preços da Petrobras. Ontem, porém, os papéis da petrolífera estatal pagaram o pato da revelação de uma mudança recente na política de reajustes da empresa.

Hoje, diante de um cenário de realização de lucros no exterior, o principal índice de ações da B3 passa por ajuste técnico, na avaliação de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset. O contrapeso ao cenário negativo pode vir do início do debate em torno da autonomia do Banco Central no Congresso.

O dólar comercial operava em alta firme frente ao real, após oscilar na abertura dos negócios, com investidores locais receosos e recorrendo à proteção em meio às notícias da possibilidade de um novo auxílio emergencial, junto com a criação de um novo imposto. Lá fora, investidores calibram realização de lucros e a espera pela aprovação do pacote de estímulo fiscal de US$ 1,9 trilhão nos Estados Unidos.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,15%, cotado a R$ 5,4340 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava avanço de 1,20%, cotado a R$ 5,437.

“Há um movimento de proteção no mercado doméstico em função das notícias de possibilidade de criação de um auxílio emergencial temporário e fora do teto de gastos, como também a criação de um novo imposto”, comenta o diretor de uma corretora nacional.

O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, reforça que o retorno do pagamento do benefício é cada vez “mais provável”. Ele acrescenta que a pauta aparenta ganhar força, já vencendo a resistência do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do Planalto.

“Caso o governo não apresente uma alternativa no curto prazo, como uma expansão do [programa] Bolsa Família, a pressão pelo retorno da política assistencialista deve forçar a apresentação de uma nova medida provisória para financiar o programa por meio de créditos extraordinários”, acrescenta.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) intensificaram o ritmo de alta, principalmente nos trechos intermediário e longo, com o receio dos investidores em relação ao risco fiscal sendo potencializado pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A preocupação em relação a uma nova rodada do auxílio emergencial e aos sinais de acúmulo de pressão inflacionária vindo da alta do dólar pressionam a curva a termo local, apesar do resultado mais fraco que o esperado do IPCA em janeiro.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,385%, de 3,410% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,97%, de 4,945% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,48%, de 6,38%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,14%, de 7,03%, na mesma comparação.