MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa opera em queda em mais um dia no qual os investidores mostram-se divididos entre acompanhar o rali nos ativos de risco mundo afora e lidar com os persistentes riscos fiscais e políticos locais.

Depois de buscar sem sucesso o nível de 120 mil pontos perto da abertura, o índice firmou-se em queda ainda na primeira hora de pregão.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,82% aos 118.484,04 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 151,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 apresentava recuo de 0,88%, aos 118.445 pontos.

No exterior, os principais índices de ações tiram proveito das perspectivas de melhora da economia e da liquidez abundante despejada pelos bancos centrais nos mercados financeiros ao passo em que os investidores acompanham com atenção a temporada de balanços corporativos.

Por aqui, entretanto a alta expectativa dos investidores quanto ao andamento de reformas e privatizações é ofuscada pelas sinalizações do governo pretende driblar o teto de gastos para que uma nova rodada de auxílio emergencial saia do forno.

O Ibovespa vem de dois fechamentos seguidos em queda, ainda que leves, mas a estreita faixa de oscilação do índice sinaliza a indisposição dos investidores de assumir riscos enquanto a situação não se tornar um pouco mais clara.

No lado positivo, a instalação da Comissão Mista de Orçamento e a votação em regime de urgência da proposta de autonomia do Banco Central, ambas previstas para hoje, podem servir de alento aos investidores.

Diante deste cenário, analistas esperam alguma volatilidade no índice à medida que novidades surjam no decorrer do dia.

O dólar comercial passou a oscilar, mas exibe alta firme frente ao real, ao redor de R$ 5,40, em meio à cautela que prevalece no mercado doméstico diante dos riscos fiscais, com o Congresso defendendo a volta do pagamento do auxílio emergencial e com a possibilidade de o custo do benefício ficar de fora do teto de gastos.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,35%, cotado a R$ 5,3630 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava recuo de 0,31%, cotado a R$ 5,365.

“O dólar reage ao sentimento de cautela com o risco fiscal e pelos números ruins do nosso varejo”, comenta o diretor de uma corretora nacional, após o resultado ruim das vendas no varejo local em dezembro, no qual desabaram 6,1% ante novembro. Porém, o dado fechou 2020 com alta de 1,2%, no crescimento menos intenso dos últimos quatro anos.

“As vendas no varejo em dezembro foram um total desastre. O resultado confirma a hipótese da recuperação em raiz quadrada que eu tenho falado, ou seja, depois da volta em V, a retirada de incentivos estagnou a economia. Reparem que os juros baixos por si só não resolvem nada”, avalia o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito. Analistas têm apostado que a taxa Selic deverá voltar a subir em março ou em maio.

Sobre a possibilidade de retorno do auxílio emergencial, a equipe econômica da XP Investimentos avalia que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem argumentado que a volta do benefício depende de “uma nova versão da PEC de Guerra” e de uma cláusula de calamidade pública que traga mais segurança jurídica à concessão do auxílio via crédito extraordinário.

“A ideia em discussão consiste em conceder mais três parcelas de R$ 200, com custo total aproximado de R$ 20,0 bilhões. Para financiar o programa, tem sido discutida a criação de um imposto emergencial e temporário, e até mesmo a reedição de um imposto nos moldes da extinta CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira]”, explicam os economistas da XP.

Nesta semana, o receio com o risco fiscal cresceu e ontem, ao se aproximar dos R$ 5,45 em movimento descolado do exterior, o Banco Central (BC) atuou no mercado cambial com dois leilões de swap cambial tradicional – equivalente a venda de dólar no mercado futuro – no qual colocou US$ 1,0 bilhão no mercado. “Trouxe certa calmaria, mas não alterou o fluxo comprador predominante de dólar”, acrescentam os analistas da corretora Commcor.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem negociadas sem uma direção única, com os investidores calibrando as expectativas em relação ao rumo da Selic em março, após os indicadores econômicos domésticos divulgados nesta semana, ao mesmo tempo em que mensuram os riscos fiscais, em meio às discussões sobre uma nova rodada do auxílio emergencial fora do teto dos gastos.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,335%, de 3,405% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,905%, de 4,985% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,45%, de 6,46%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,14%, de 7,11%, na mesma comparação.