São Paulo – Após abrir em queda, o Ibovespa se firmou no campo positivo e segue subindo mais de 1% puxado por ações como do Itaú Unibanco, além de ser sustentado por uma nova queda da Selic anunciada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,90%, aos 96.410,33 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2020 apresentava avanço de 1,05%, aos 96.620 pontos.
A Selic mais baixa prevalece e faz investidores continuarem migrando da renda fixa para a Bolsa em busca de maiores rendimentos, fazendo o índice se descolar do tom mais cauteloso de mercados acionários no exterior com o aumento de casos de coronavírus, além de ignorar possíveis riscos da prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz.
“A expectativa de novos cortes da Selic é motivo de novas compras na Bolsa. Com o IBC-Br e os últimos dados da economia real tão enfraquecidos, os agentes de mercado ainda enxergam essa necessidade de queda na taxa de juros e estímulos na economia brasileira”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.
Ontem, o Copom cortou a Selic em 0,75 ponto percentual (pp) para 2,25% ao ano como o esperado pelo mercado, mas sinalizou que pode ser necessário mais algum ajuste residual na taxa. Já hoje o índice de atividade do Banco Central,o IBC-Br, mostrou queda de 9,73% em abril ante março e de 15,09% na base anual.
O diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, também acredita que o efeito de juros baixos prevalece e deve continuar impulsionando a Bolsa, além de explicar que investidores têm embutido riscos, como o risco político, no dólar, que segue em alta, enquanto continuam comprando Bolsa.
Entre as ações, as do Itaú Unibanco se destacam e estão entre as maiores altas. Para Zuffo, além de bancos em geral “estarem tirando o atraso” depois de terem caído com a pandemia, o Itaú sobe mais que seus pares em função de um desempenho favorável das ações da XP Investimentos, da qual é detentor de 50%. Um relatório do BTG Pactual também destacou hoje que a performance dos papéis da XP deveria levar a uma melhor avaliação do Itaú.
No exterior, ajuda ainda a leve melhora das Bolsas norte-americanas, embora continuem mostrando mais cautela e volatilidade diante do aumento de casos de coronavírus em vários estados do país, além de investidores estarem digerindo indicadores divulgados, como os pedidos de seguro-desemprego.
O dólar comercial tem alta firme desde a abertura dos negócios e opera ao redor de R$ 5,35, após renovar máximas no maior patamar intraday desde o dia 1 de junho, reagindo à sinalização do Banco Central (BC) que poderá seguir com o afrouxamento monetário na próxima reunião, em agosto. A volta do risco político também corrobora para a forte valorização da moeda estrangeira após a prisão de Flávio Queiroz, ex-assessor do senador e filho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,71%, sendo negociado a R$ 5,3480 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2020 apresentava avanço de 2,15%, cotado a R$ 5,344.
“Hoje a gente não vê um cenário positivo para a nossa moeda visto uma situação fiscal calamitosa no país e com o cenário político conturbado. A prisão de Queiroz eleva o risco político uma vez que o presidente Bolsonaro deverá concentrar o esforço político para se defender e não em avançar com a agenda de reformas”, avalia o economista da Messem Investimentos, Álvaro Villa.
O economista ressalta o “efeito Copom”, apesar de o corte já estar no preço da moeda que ganhou impulso na última semana e pode hoje fechar em alta pelo sétimo pregão seguido. “O que pesa é a porta que o BC sinalizou deixar aberta e tudo indica que possa vir um corte de 0,25 pp”, diz.
“O corte da Selic deixou o juro real negativo no país e afasta definitivamente o capital especulativo. Com a prisão de Queiroz, formam a tempestade perfeita para a valorização do dólar aqui em dia de notícias negativas para o real”, acrescenta o diretor de uma corretora nacional.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) não exibem uma direção única, com o trecho mais curto reagindo à porta aberta deixa pelo Copo) para um ajuste residual na Selic, ao passo que o viés positivo vai ganhando força ao longo dos vértices da curva a termo, antecipando o início do ciclo de alta do juro básico. A alta acelerada do dólar combinada com os riscos fiscais e político também pressiona os negócios.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,055%, de 2,095% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,09%, de 3,05% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,21%, de 4,12%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,80%, de 5,66%, na mesma comparação.