São Paulo – O Ibovespa opera em fortealta com os investidores repercutindo a aprovação em primeiro turno da PEC Emergencial pelo Senado, cujo avanço pelo Congresso tem o potencial de sustentar uma recuperação no mercado brasileiro de ações depois da intensa volatilidade observada na véspera.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 2,24%, aos 113.683,92 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 20,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava avanço de 2,29%, aos 113.895 pontos.
Ontem, o Ibovespa à vista chegou a recuar cerca de 3%, retrocedendo à faixa dos 107 mil pontos no pior momento do dia. Do meio para o fim da tarde, porém, um comentário do presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre o compromisso de preservação do teto de gastos na PEC Emergencial fez o índice saltar 5 mil pontos num intervalo de poucos minutos. Apesar da melhora, porém, a bolsa brasileira chegou ao fim do pregão em queda de 0,31%.
O texto aprovado ontem pelo Senado viabiliza a retomada do auxílio emergencial e prevê uma série de medidas que podem ser adotadas caso o teto dos gastos seja descumprido. Na avaliação da Necton Corretora, a aprovação da PEC “em primeiro turno, com folga, abre espaço para recuperação de ativos” depois de dias muito voláteis.
Entretanto, a possibilidade de alterações ainda alimenta alguma cautela entre os investidores, uma vez que o texto da PEC ainda precisa passar pelo segundo turno no Senado e por mais duas rodadas de votação na Câmara. Outro fator de risco deriva dos sucessivos recordes de óbitos por covid-19 registrados no Brasil no decorrer dos últimos dias, colocando o Brasil na contramão do que ocorre na maior parte do mundo.
Além disso, o sinal negativo para os ativos de risco nos mercados financeiros internacionais tende a trazer volatilidade ao Ibovespa em meio à persistente alta dos yields dos títulos da dívida norte-americana no mercado secundário, adverte a equipe da Ativa Investimentos.
De qualquer modo, os fatores de cautela são mantidos em segundo plano no momento. Hoje, “o rumo do Ibovespa está atrelado à definição da PEC emergencial, apesar do tombo que está sendo observado em seus pares no exterior”, explica Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
O dólar comercial tem queda firme frente ao real, voltando a acelerar as perdas ao redor de R$ 5,60, refletindo o alívio do mercado doméstico após a aprovação do texto-base da PEC Emergencial ontem em primeiro turno no Senado, no qual evidenciou que o teto de gastos será respeitado. Lá fora, a queda dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos de dívida do governo norte-americano, as treasuries, corroboram para a valorização das moedas de países emergentes na sessão.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,76%, cotado a R$ 5,5620 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava recuo de 0,98%, cotado a R$ 5,568.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que a aprovação da PEC Emergencial reflete um movimento de redução de posições defensivas, além de identificar uma entrada de fluxo financeiro. “Há também uma demanda de importadores porque operações ficaram represadas nos últimos dias em meio ao avanço do dólar aqui”, avalia.
A equipe econômica da XP Investimentos analisa que a matéria, depois de aprovada em segundo turno – prevista para hoje -, deverá voltar à Câmara dos Deputados sem passar por alterações de maneira a permitir, o quanto antes, o início do pagamento da nova rodada de auxílio emergencial. Parlamentares, pessoas ligadas à equipe econômica do governo federal e até mesmo o presidente Jair Bolsonaro têm falado que o benefício começaria a ser pago neste mês.
Rugik destaca que o recuo dos rendimentos das treasuries, principalmente do título de vencimento de 10 anos (T-Note), aliviam as cotações das moedas emergentes, que se valorizam na sessão. Ainda assim, a T-Note opera ao redor de 1,47%.
Ainda sobre o exterior, investidores aguardam o pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que deve reforçar que os estímulos monetários não serão retirados no curto prazo. Os analistas da XP acrescentam que a preocupação do mercado é de que estímulos fiscais excessivos, como o pacote de US$ 1,9 trilhão, possam acelerar a inflação nos Estados Unidos e forçar o Fed a subir a taxa de juros antes do esperado.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) passaram a operar em leve queda no fim da manhã em um dia no qual os investidores reagem à aprovação da PEC Emergencial em primeiro turno pelo Senado em meio a garantias de líderes do Congresso de que haverá mecanismos que impeçam o rompimento de teto de gastos. A tendência de queda nas taxas, porém, é contrabalançada pelas projeções de alta da taxa básica de juro (Selic) e da elevação do retorno dos títulos da dívida dos Estados Unidos.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,77%, de 3,810% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,485%, de 5,61%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,13%, de 7,31% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,79%, de 7,93%, na mesma comparação.