São Paulo – O ajuste de posições dos investidores antes da semana que vem, que trará um feriado na quarta-feira e a data final para sanção do orçamento de 2021, na quinta-feira, mantém ações, dólar e taxa de juros perto da estabilidade, oscilando entre ganhos e perdas desde a manhã.
O Congresso aprovou um orçamento de 2021 com previsão de despesas obrigatórias inferior à que será realmente necessária, uma manobra para fazer caber no limite previsto pelo teto de gastos bilhões em emendas parlamentares – recursos que os congressistas destinam para suas bases eleitorais.
O impasse em relação ao orçamento é quem o presidente Bolsonaro vai decidir agradar quando sancionar o projeto. Se vetar a Lei Orçamentária Anual (LOA), gerará uma crise com sua base de apoio no Congresso. Se não vetar, deixará a equipe econômica e o mercado financeiro descontentes.
A expectativa é de um veto parcial ao texto, mas há expectativa de outras vias fora da austeridade fiscal preconizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – entre elas a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) excluindo do teto de gastos algumas das despesas com saúde.
O relator do orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), disse na segunda-feira, ao ser questionado se tem conhecimento de que o assunto esteja sendo avaliado pelo governo federal, que “esta é uma hipótese entre tantas que se apresentam como soluções possíveis para que possamos continuar priorizando a saúde”.
“A grande cautela dos investidores é com a indefinição sobre o Orçamento e os ruídos políticos. Bolsonaro tem até dia 22 para sancionar o texto com ou sem vetos às pedaladas fiscais que colocam em risco o teto de gastos e o seu governo”, disse a equipe da mesa de câmbio da Travelex Bank.
Além disso, ainda no âmbito político, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela anulação das condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, o que possibilita sua candidatura à presidência em 2022.
A economista-chefe da Consulenza Investimentos, Helena Veronese, reforça que, apesar da volatilidade da taxa de câmbio, as incertezas locais continuam. E agora, com o ex-presidente Lula oficialmente elegível em 2022, os temores do mercado giram não só em torno de um novo governo do petista. “Há também um aumento de chance de tendências mais populistas dentro do próprio governo Bolsonaro”, destacou.
No início da tarde, o Ibovespa subia 0,16%, para 120.900 pontos, mas chegou a atingir mínima de 120.198 (-0,42%) mais cedo. O dólar comercial caía 0,40%, para R$ 5,6040, mas antes tocou máxima de R$ 5,9780 (+0,91%).
Entre os juros, a taxa dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia a 4,69%, de 4,68% ontem, enquanto a taxa para janeiro de 2023 recuava a 6,410%, de 6,435%. O DI para janeiro de 2025 caía a 8,11%, de 8,15%, e o DI para janeiro de 2027 tinha queda para 8,76%, de 8,80%.
“Hoje, na ausência de indicadores econômicos relevantes, o fluxo deve seguir ditando o rumo da curva enquanto players se dividem entre reduzir posições, se protegendo de possíveis notícias negativas no final de semana ou manter, mesmo que pequenas posições doadas, dado o nível de prêmio”, disse Luís Felipe Laudísio, operador de renda fixa da Renascença Corretora.
Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)