São Paulo – O Ibovespa opera em alta desde a abertura dos negócios, impulsionado por um movimento de recuperação após a queda de ontem, pelo início da temporada de balanços e também puxado pelo bom humor externo, com os mercados norte-americanos operando com avanço na sessão. Logo após abrir, o principal índice da Bolsa brasileira já subia mais de 1%, mas passou a perder força de alta no final da manhã de hoje. No Estados Unidos, os índices Nasdaq, Dow Jones e S&P 500 registram ganhos.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,86%, aos 120.400,44 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2021 apresentava avanço de 0,45%, aos 120.775 pontos.
Na avaliação da economista-chefe Simone Pasianotto, da Reag Investimentos, a alta no Ibovespa deve-se à recuperação de parte das perdas registradas durante essa semana [acúmulo negativo de 1,5%] e à safra de balanços do setor corporativo que se inicia hoje. “Sexta-feira é um dia em que os investidores querem fechar a semana de uma forma positiva, encerrou a questão do orçamento e, apesar da perda de tração no exterior e das incertezas fiscais aqui, a safra de balanços dá um ritmo bom nos negócios locais”, afirmou
A economista enfatiza que “as empresas do setor de aço e minério de ferro devem se destacar na temporada de balanços”.
A Usiminas (USIM5), por exemplo, apresentou lucro líquido de R$1,2 bilhão no primeiro trimestre de 2021, em comparação ao prejuízo de R$ 424 milhões apresentados no mesmo período de 2020. No entanto, a siderúrgica registrou perda de 37% no quarto trimestre comparado ao ano passado, que teve lucro de R$1,9 bilhão. Os papéis da companhia subiam mais de 4% no início dos negócios na Bolsa, mas retraiu para mais de 1%.
Após oscilar nas primeiras horas de negócios, o dólar comercial tem alta firme frente ao real, e busca novamente os R$ 5,50, em movimento local de recomposição de posições após a moeda ficar “barata” e operar no menor valor intraday desde 25 de fevereiro, a R$ 5,42. Aqui, o imbróglio do Orçamento de 2021 finalmente foi resolvido após o presidente Jair Bolsonaro sancionar na data limite a proposta orçamentária com vetos parciais.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,87%, cotado a R$ 5,5030 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maio de 2021 apresentava alta de 0,98%, cotado a R$ 5,505.
Ontem, Bolsonaro sancionou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 com vetos que o Ministério da Economia estima “serem suficientes” para recompor o valor subestimado nas despesas obrigatórias. Diferentemente do veto, que é definitivo e foi feito diretamente na LOA, o bloqueio veio na forma de um decreto e pode ser desfeito ao longo do ano, caso haja espaço fiscal para isso.
A equipe econômica da Capital Markets explica que os vetos somaram R$19,8 bilhões. Desses, mais de R$ 18,0 bilhões serão cortados do orçamento do poder Executivo. “A decisão do presidente foi para preservar a demanda do Centrão, que foi irredutível e não aceitou cortes sobre os R$ 16,0 bilhões em emendas parlamentares”, comenta, acrescentando que, com o orçamento definido, as despesas que ficarão fora do teto de gastos em 2021 ultrapassam R$ 100,0 bilhões.
O diretor de uma corretora nacional destaca o movimento doméstico, onde há “presença de importadores”, junto com tesourarias de banco que refazem as posições após a divisa estrangeira operar nas mínimas em dois meses. O exterior segue no radar, com o dólar perdendo força ante as moedas pares, atentos à possibilidade de o presidente norte-americano, Joe Biden, elevar impostos sobre ganhos de capital no país, conforme notícia da Bloomberg ontem.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) passaram a apresentar viés de alta no início da tarde acompanhando a alta do dólar, que agora sobe depois de mais cedo ter operado na mínima em dois meses em relação ao real. Entretanto, a reação positiva dos investidores à publicação do Orçamento de 2021 com alguns vetos pelo presidente Jair Bolsonaro inibe movimentos mais acentuados.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,635%, de 4,615% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,195%, de 6,185%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,73%, de 7,72% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,36%, de 8,37%, na mesma comparação.