MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa abre o primeiro pregão da semana com forte queda, refletindo uma significativa piora dos principais mercados acionários no exterior, diante do receio sobre a maior disseminação do coronavírus e possíveis impactos negativos na economia chinesa. Entre as ações que mais sofrem estão as ligadas a commodities, como as da Vale e da Petrobras, que têm grande peso no índice.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 2,77% aos 115.097,12 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava recuo de 2,67% aos 115.305 pontos.

Para o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, já era esperado que ocorresse um movimento de “sell off” na abertura hoje, com a maior aversão ao risco generalizada no exterior. “Não vejo nada de estranho nesse movimento”, disse.

Os analistas da Guide Investimentos, por sua vez, destacam o aumento do número de casos do vírus, com cerca de 3 mil infectados em todo o mundo, a maioria deles na China, mesmo com esforços do governo chinês de isolar cidades. “A perspectiva alarmante de que esse número possa ser multiplicado rapidamente nos próximos dias eleva o clima tenso nos mercados globais”, disseram, em relatório.

Para eles, investidores tentam calcular os impactos do problema na economia mundial, lembrando que para frear o avanço do vírus, a China suspendeu viagens turísticas ao exterior e estendeu o feriado do Ano Novo até o dia 2 de fevereiro.

Entre as ações, os destaques de quedas ficam com ações ligadas a commodities, já que a China é maior consumidora mundial dos produtos. É o caso da Vale e da Petrobras, que estão entre as maiores quedas do Ibovespa.

Ainda entre as maiores perdas estão as ações da Via Varejo, da Usiminas, da CSN e da Gol, com as companhias aéreas sentindo impacto do dólar mais alto e suspensão de viagens na China.

O dólar comercial tem alta firme frente ao real, desde a abertura dos negócios, em meio ao temor global com o avanço do coronavírus não apenas na China como em outros continentes após infectar mais de 2,7 mil pessoas e matar 80 no país asiático. Aqui, investidores digerem mais um resultado negativo envolvendo fluxo no mercado doméstico.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1%, sendo negociado a R$ 4,2290 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 1,12%, cotado a R$ 4,231.

“O que vemos é uma fuga de risco em meio às incertezas com o coronavírus já que os mercados ainda não sabem mensurar e avaliar a extensão do vírus que avança para outros continentes”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes. Sobre o temor do mercado, o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, acrescenta que se o vírus se espalhar “para valer, poderemos ter uma crise de oferta”.

Mais cedo, o Banco Central (BC) divulgou os dados de contas externas no qual apontou déficit de US$ 5,6 bilhões em dezembro e de US$ 50,8 bilhões em 2019, alta de 22,2% em relação ao resultado do ano anterior. Os números corroboraram para a piora do dólar no mercado doméstico no qual renovou mínimas a R$ 4,22.

Para Perfeito, esses números somados aos da balança comercial mostram um déficit “relevante” nas contas correntes que chega a 2,7% do Produto Interno Bruto [PIB]. “O fluxo da balança comercial é preocupante. Quando falamos de câmbio, falamos de fluxo e esses componentes junto aos investimentos e especulação [carry trade] estão piorando e os dados divulgados de hoje reforçam essa leitura”, avalia.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) firmaram uma direção única e passaram a cair, na contramão do dólar, que é cotado acima de R$ 4,20, diante da busca por proteção. Enquanto os juros de curto prazo recuam sob influência das estimativas para inflação (IPCA) e Selic trazidas no relatório Focus, os vértices mais longos acompanham a queda dos títulos norte-americanos (Treasuries), em meio ao exterior mais avesso ao risco.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,33%, de 4,350% ao final do ajuste anterior, na sexta-feira; o DI para janeiro de 2022 projetava taxa de 4,93%, de 4,99% no último ajuste, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 5,52%, de 5,56%; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,29%, de 6,30%, na mesma comparação.