São Paulo – O Ibovespa segue em queda e com liquidez reduzida com os investidores no aguardo das decisões da política monetária nos Estados Unidos e aqui. Os dados econômicos divulgados nesta manhã deixam o mercado mais cauteloso sobre as definições nas reuniões de amanhã.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,44%, aos 129.633,41 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2021 apresentava recuo de 0,52%, aos 129.530 pontos.
O analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, comenta que não observa movimento de compra e nem de venda. “O volume baixo mostra cautela do investidor em relação ao que pode ser anunciado amanhã, ninguém quer se arriscar”.
Ele acredita na manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos entre zero e 0,25%, no entanto enfatiza que “devemos observar o discurso de Jerome Powell [presidente do banco central norte-americano]”. Após o anúncio do Fed, a autoridade monetária dá uma coletiva de imprensa para falar sobre a decisão do colegiado.
Pela manhã saíram alguns indicadores norte-americanos piores que o esperado pelos analistas. O índice de preços ao produtor dos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês) teve alta de 0,8% em maio ante o mês anterior, acima do esperado pelos analistas, que previam crescimento de 0,5%. E as vendas no varejo caíram 1,3% em maio ante abril, descontados os fatores sazonais. Os analistas estimavam retração de 0,7%.
“Com esse resultado ficou um pouco preocupante em relação à taxa de juros amanhã”, enfatiza Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest. Mas ainda acredita que governo deve manter a taxa de juros baixa para fomentar a economia.
Em relação ao Copom, Friedrich acredita que para esse encontro, que se inicia hoje e finaliza amanhã, a autoridade monetária deve manter a alta em 0,75 pp na taxa básica de juros-Selic. “O aumento de 0,75 pp não é pouco. Acredito que para a próxima [reunião], sobe para 1,0 pp”.
No Brasil, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), deve pautar a medida provisória de privatização da Eletrobras amanhã. “Na Casa o clima não é positivo para a aprovação do projeto e pode sofrer alterações pontuais e voltar para a Câmara dos Deputados ou até mesmo ser rejeitada”, afirma a economista da CM Capital.
O analista da Codepe ressalta que o mercado fica com as atenções voltadas para o desfecho em relação à privatização da Eletrobras.”É importante o que vai acontecer, se vai ser desidratado [texto], porque influencia na Bolsa”. As ações da Eletrobras (ELET 3 e ELET6) têm expressiva queda de 4,32% e 2,71%.
O dólar comercial exibe forte volatilidade na sessão ao reduzir os ganhos frente ao real, após renovar máximas sucessivas a R$ 5,10. A moeda tem alta firme desde que os números de inflação ao produtor nos Estados Unidos, em maio, foram divulgados, ficando acima do esperado na comparação com o mês anterior. A leitura de inflação alta por lá à véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) levam investidores à cautela.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,29%, cotado a R$ 5,0860 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2021 apresentava avanço de 0,49%, cotado a R$ 5,094.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, explica que a moeda avançou acompanhando o exterior em meio à piora das moedas de países emergentes que reagem aos dados dos Estados Unidos.
“Quando a moeda chegou a R$ 5,10, atraiu exportadores aqui. Depois, o fluxo derrubou o dólar de novo”, comenta, acrescentando que o resultado do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) impacta o mercado global antes da decisão de política monetária do Fed. “Tem um viés de cautela sim, ainda mais com a inflação alta por lá”, acrescenta. No mês passado, o PPI subiu 0,8% ante abril, enquanto analistas esperavam alta de 0,5%.
No mercado doméstico, em meio à uma liquidez “levemente negativa”, segundo Rugik, investidores estão à espera também da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã. Apesar do mercado já precificar uma alta de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, indo a 4,25% ao ano – conforme adiantou o Banco Central (BC) na ata da última reunião de política monetária, o foco fica para o comunicado e para os passos que devem ser dados na reunião de agosto em meio à alta da inflação doméstica.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam com viés de alta com os investidores mais uma vez promovendo ajustes em relação à expectativa quanto aos próximos passos dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, cujas reuniões de política monetária têm início hoje e terminam amanhã.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 5,395%, de 5,34% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,995%, de 6,945%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,98%, de 7,97% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,45%, de 8,44%, na mesma comparação.