São Paulo – O Ibovespa segue em forte queda e passa para os 123 mil pontos em dia de aversão ao risco com o pessimismo global por conta da queda do minério de ferro na China levando as ações de siderúrgicas no Brasil e no mundo despencarem, com exceção da Usiminas. Outro fator de impacto é o risco regulatório do governo chinês em empresas privadas.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 1,65%, aos 123.593,06 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 1,28%, aos 123.840 pontos.
O analista João Guilherme Silva, da Aware Investimentos, afirmou que o mercado brasileiro apresenta forte queda impactado pelo mau humor no exterior pelo “desgosto cada vez mais claro e evidente do bloqueio regulatório por parte da China perante o setor privado” e queda das commodities, principalmente o minério de ferro.
Ele salientou também que o noticiário de Brasília afeta o mercado com “os flertes ao desrespeito do teto de gastos”. Existe uma ala do governo que pretende custear o Bolsa família em 2022 com verbas fora do limite de despesas.
O analista José da Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, enfatizou que a abertura da Bolsa seria “pressionada pela Vale com a queda do minério de ferro na China”.
Os analistas da Ajax Capital comentaram que o dia é de aversão ao risco e “os ativos devem ser impactados pelo exterior mais negativo e receio dos investidores com a política regulatória da China”.
Para o estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, o dia de aversão ao risco e os investidores ficam cautelosos por conta da “nova repressão regulatória na China, desaceleração de crescimento das megaempresas de tecnologia nos Estados Unidos e a queda do minério de ferro que impactam as commodities”.
No Brasil, os investidores repercutem a taxa de desocupação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que subiu 14,6% no trimestre móvel encerrado até maio de 2021 e mostra que 14,8 milhões de pessoas seguem buscando trabalho.
A taxa é a segunda mais alta na série história, iniciada em 2021. O resultado ficou em linha com a mediana prevista pelo Termômetro CMA, de 14,6%. Na véspera o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério da Economia registrou abertura de 309.114 empregos com carteira assinada em junho e 1,5 milhão de trabalhos formais no segundo semestre.
Embora o mercado ainda esteja cauteloso, o dólar vai apresentando uma discreta valorização nesta sexta-feira. Isso acontece após uma semana recheada de expectativas e decepções, que envolveram o anúncio do Fed e a divulgação dos números da economia norte-americana.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,37%, negociado a R$ 5,1490 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,83%, cotado a R$ 5,121.
Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “as bolsas europeias e americana estão tendo um dia generalizado de risk-off (com os grandes investidores poucos dispostos a tomar riscos), puxando as moedas emergentes para baixo”.
O economista também considera que manobras que visam a eleição de 2022 também são vistas de modo negativo pelo mercado. “A possibilidade de ampliar o Bolsa Família seria uma maquiagem fiscal, algo acima do teto. Isso é um fator que pressiona a taxa de câmbio”, contextualiza Alejandro.
“No mercado internacional de câmbio, o dólar ganha levemente de seus pares, index de 0,09% de valorização e também trabalha fortalecido da maioria das divisas emergentes e ligadas às commodities”, analisa Jefferson Rugik, da Correparti, em boletim matinal.
A valorização do dólar por aqui é limitada pela expectativa de que na próxima quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) possa anunciar um aumento maior que o previsto na Selic (taxa básica de juros).
Rugik acrescentou que o dólar pode ter uma sessão volátil nesta sexta-feira por causa do encerramento do mês. “Para o restante da primeira sessão, quem deve comandar o jogo cambial é a tradicional briga pela taxa ptax, que deve ter os vendidos mais bem preparados para a disputa”, afirmou.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em alta acompanhando a forte apreciação do dólar em relação ao real em um dia no qual a aversão ao risco observada nos mercados financeiros internacionais penaliza os ativos locais. Ao mesmo tempo, a disputa pela formação da Ptax no mercado de câmbio adiciona um ingrediente de volatilidade. O risco fiscal também pesa.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,250%, de 6,195% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,705%, de 7,60; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,59%, de 8,38% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,94%, de 8,74%, na mesma comparação.