São Paulo – O Ibovespa apresenta volatilidade em um dia de repercussão de balanços corporativos e com os ruídos político e fiscal deixando o mercado instável e contribuindo para a Bolsa ter direção contrária às bolsas globais.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,09%, aos 120.821,48 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,09%, aos 120.805 pontos.
Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, comentou que a Bolsa apresenta instabilidade em uma sessão movimentada por balanços corporativos. “O Indice de Atividade Econômica chegou a animar os investidores, mas a intensificação de ataques de Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao STF [Supremo Tribunal Federal] na live de ontem continua mantendo o ambiente político tenso”.
O analista da Terra Investimentos destacou a queda das ações do Magazine Luiza (MGLU 3)- de mais de 3%-, apesar de apontar crescimento de 62% da receita líquida para R$ 9,01 bilhões, superando as estimativas. “Foi a primeira queda em três dias”.
Para o analista Leonardo Santana, da Top Gain, o mau humor na Bolsa é por conta do “risco fiscal, barulho político e briga de poderes”. Santana não acredita que esse mudará ao longo do dia. “O investidor estrangeiro tem muita desconfiança com esse ambiente conturbado”.
Mais cedo, logo na abertura resultado do Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central ajudou o movimento positivo da Bolsa. O IBC-Br subiu 1,14% em junho na comparação com maio, atingindo 140, 58 pontos, o maior nível desde 2019. O indicador é uma prévia mensal do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado saiu acima da mediana das estimativas calculada pelo Termômetro CMA, de + 0,50%.
Segundo Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, a inflação ainda é um problema de curto prazo e se ajusta com a normalização da taxa de juros e reforçou que a maioria dos resultados corporativos tem sido positivo. “A Bolsa está barata e tem espaço para recuperação, mas só acontecerá isso caso haja uma melhora da visibilidade política e fiscal por aqui com a redução dos ruídos recentes-teto de gastos, novos gastos fiscais e embate entre os três poderes”, explicou.
Para os analistas da Ajax Capital, o ambiente mais favorável para os emergentes pode contribuir para a recuperação dos ativos domésticos, mas ressaltou que “as incertezas fiscais, pressões inflacionárias e ruídos com reforma do IR, Bolsa Família e precatórios atrapalham a performance local”.
Por aqui, foi adiada a votação da reforma tributária que promove alterações no Imposto de Renda (IR) para a próxima terça-feira(17) e acabou repercutindo mal no mercado. O relator da proposta, Celso Sabino (PSDB-PA), voltou a fazer novos ajustes no texto.
Os investidores seguem com as atenções em relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
No final da tarde de ontem, após o fechamento do mercado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a abertura de um inquérito atendendo um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apurar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime no vazamento de uma investigação sigilosa da Polícia Federal sobre ataques no sistema da Corte.
Em dia marcado por volatilidade, o dólar voltou a cair no começo desta tarde. Além dos Indice de Atividade Econômica (IBC-BT) do Banco Central ter vindo acima do esperado, a fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi de reafirmação dos compromissos fiscais, com o objetivo de acalmar o mercado.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,45%, negociado a R$ 5,2320 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,39%, cotado a R$ 5,244.
Segundo fonte ouvida pela CMA, o “mercado está muito preocupado com o fiscal. Apesar do Banco Central reafirmar o compromisso em cumprir as metas, a situação é preocupante. O enfraquecimento do ministro Paulo Guedes também é nítido”.
Campos Neto afirmou que é importante o Brasil passar credibilidade fiscal, e que sem o controle fiscal, o BC sozinho não conseguiria segurar a inflação. O mandatário da autoridade monetária afirmou ainda que a venda das reservas cambiais não garantem uma mudança na direção do câmbio. Campos Neto fez discurso durante um evento promovido pela Folha Vitória.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta desde a abertura, depois de o Banco Central (BC) ter divulgado os números do IBC-Br de junho, dando continuidade a um movimento de abertura na curva a termo que tem se acentuado no decorrer das últimas semanas em meio a um cenário de persistentes incertezas fiscais e políticas que vem atrapalhando o desempenho dos ativos locais.
Por volta das 13h30,, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,595%, de 6,58% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,33%, de 8,29; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,36%, de 9,29% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,77%, de 9,68%, na mesma comparação.