MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – A Bolsa tem mais um dia de aversão ao risco com o recuo expressivo da Vale e empresas ligadas de commodities devido à derrubada do minério de ferro. Somado a isso, a possibilidade de uma redução no ritmo de compras de títulos ainda este ano por parte do banco central norte-americano estressou tanto o mercado acionário brasileiro como o global. As bolsas norte-americanas tentam se recuperar.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,31%, aos 116.273,97 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava avanço de 0,06%, aos 117.060 pontos.

Por aqui, alguns analistas acreditam que o cenário local deu uma trégua, outros enxergam que continua trazendo desconforto para os investidores com os ativos de risco precificando uma crise.

Segundo Leonardo Santana, analista da Top Gain, o mau humor no pregão de hoje reflete ainda a ata do Fed que demostrou a retirada dos estímulos à economia antes que o mercado esperava. “Já ficou insustentável a inflação nos Estados Unidos, embora Jerome Powell [presidente do banco central norte-americano] dizer ser momentânea”.

O analista da Top Gain também destacou a queda das commodities “que pesa muito na nossa Bolsa”. As ações da Vale (VALE3) caíam 5,27%, Petrobras (PETR3 e PETR4) perdiam 1,31% e 1,11%. Os papeis das siderúrgicas como CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) baixavam 5,50%; 2,92% e 4,80%, respectivamente.

Santana chamou atenção para o contexto político conturbado, com o conflito entre o presidente Bolsonaro e o Supremo Tribunal federal (STF), gerando  desconfiança aos investidores estrangeiros. “Precisamos arrumar o ambiente político, continuar  com aumento da taxa de juros, controlar a inflação para que fique atrativo investir no Brasil”.

Para Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, o dia começa complicado muito por conta dos Estados Unidos com a divulgação da ata indicando que o país pode diminuir os incentivos fiscais e o seguro-desemprego é crucial. “O resultado veio melhor que o esperado e prejudica muito o mercado porque mostra que o governo já pode pisar no freio com os estímulos”.

Nos Estados Unidos, o número de pedidos de auxílio desemprego caíram para 348 mil na semana encerrada em 14 de agosto, ante os 377 mil da semana anterior. Os analistas esperavam 365 mil solicitações.

O sócio da Renova Invest afirmou que “o dia é de forte queda na Bolsa e baterá fácil os 115 mil pontos, dificilmente será um dia de alta”.

Friedrich também comentou que a variante delta “preocupa muito a retomada da economia mundial e hoje teve forte queda do minério com a manipulação da commodity pela China e deve impactar bastante o nosso mercado com destaque negativo para a Vale”.

Além disso, no pré-market da bolsa de Nova York, os ADRs tinham forte queda com a notícia de que o Ministério Público (MP) de Minas Gerais entrou com uma ação na justiça pedindo que a Vale  e a australiana BHP Bilinton, donas da Samarco, assumam todas as dívidas da mineradora, cerca de R$ 50 bilhões.

Para os analistas da Commcor DTVM, a quinta-feira incia “com a continuidade do movimento de enxugamento de risco da véspera” com a ata do Fed sinalizando que o início da redução de compra de ativos pode se dar entre o fim deste ano ou começo de 2022, mas não tem relação entre a redução de estímulos e aumento da taxa de juros.

Por aqui, os analistas da Commcor DTV comentaram que com a agenda esvaziada de indicadores, a preocupação segue com o “cenário forte de crise política e fiscal”.

O dólar operou em alta durante toda a sessão desta manhã. Isso ainda é um reflexo da divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), ontem, dando sinais que os estímulos à economia norte-americana começarão a ser retirados ainda este ano.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,66%, negociado a R$ 5,4110 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,44%, cotado a R$ 5,420.

Para o sócio da Euroinvest, Cristiano Fernandes, “o mercado não esperava uma ata forte assim, então o dólar foi muito apreciado”.

Já no cenário interno, as questões políticas e fiscais se confundem, reforçando a atmosfera de incertezas sobre os rumos da política econômica. “Vivemos em um momento com a possível quebra do teto, e isso representa um risco, fazendo com que o dólar fique estacionado”, pontua Fernandes.

“A postura do Banco Central está mais agressiva, com o aumento da taxa de juros. Vamos ter sacrificar, por exemplo, o setor imobiliário, com o encarecimento das taxas de financiamento”, avalia Fernandes, que prevê um aumento de ao menos 1pp na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em queda, na contramão do dólar, em uma nova tentativa dos participantes do mercado de realizarem lucros na esteira da forte inclinação da curva a termo observada no decorrer das últimas semanas. O movimento, porém, é contido pelos efeitos da crise política em Brasília e do ambiente de aversão ao risco predominante no exterior.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,725%, de 6,78% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,465%, de 8,645%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,75%, de 10,00% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,23%, de 10,44%, na mesma comparação.