São Paulo – A Bolsa tem forte alta e se firma nos 120 mil pontos impulsionada pelas declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no evento da Expert XP 2021, afirmando que não votará reforma do Imposto de Renda esta semana e não vai deixar que seja aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios fora do teto de gastos. Somado a isso, a boa performance das commodities e o exterior favorável.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 2,07%, aos 119.912,73 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 15,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava avanço de 2,23%, aos 120.655 pontos.
Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus, as declarações do presidente da Câmara reafirmando compromisso com a responsabilidade fiscal e afirmando que a reforma do Imposto de Renda não será votada nesta semana favoreceram positivamente o mercado. “Estamos em um cenário que qualquer sinalização positiva o investidor fica tranquilo”.
Larissa comentou que o impasse da reforma do Imposto de Renda na Câmara “estava sendo desperdiçado para votar outras pautas como um Bolsa Família mais razoável ou um precatório mais aceitável, que não seja interpretado como um calote e fique dentro do teto de gastos.
Outro ponto favorável são as commodities, principalmente as ligadas ao minério de ferro, e as ações ligadas às viagens. “Os investidores estão começando a se posicionar para a volta das viagens, principalmente as domésticas e com o avanço da vacinação, tudo indica que vamos ter um final de ano mais normalizado em termos de viagens dentro do Brasil”. A analista da Empiricus explicou que no final do primeiro semestre, os investidores estavam apostando nos papéis de varejo físico.
Larissa não descarta da possibilidade da volta da volatilidade na Bolsa com o cenário conturbado e enfatizou que a comunicação do governo precisa melhorar. “O STF e executivo ficam nessa briga e o ruído na comunicação é tão grande que atrasa a nossa chegada aos 130 mil pontos na Bolsa”.
Para Rodrigo Friedrich, o sócio da Renova Invest, a Bolsa deve ter um dia de alta acompanhando o exterior, mas “não podemos negar que já existe uma crise política instalada no Brasil que prejudica o mercado”.
Friedrich afirmou que o mercado fica apreensivo com o que vai ocorrer ao longo do dia em Brasília. “O mercado ficará focado nos comentários do Lira que podem dar direção para a Bolsa.”
Os analistas da Ajax Capital afirmaram que os ativos de risco devem seguir o otimismo do mercado internacional. “A Bolsa deve abrir em alta, no entanto o front fiscal e a crise institucional continuam no radar dos investidores”.
Os investidores estão à espera do Simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, que se inicia na sexta-feira no qual o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, pode dar diretrizes sobre a política monetária do país.
O dólar apresenta forte viés de queda nesta manhã. Apesar do cenário doméstico nebuloso, o mercado global hoje está com uma forte aversão ao risco, contribuindo para a desvalorização da moeda norte-americana.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 2,04%, sendo negociado a R$ 5,2710 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 2,06%, cotado a R$ 5,276.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “o mercado veio de uma bateria de vários dias negativos, então hoje estamos enfrentando um movimento de risk-off (aversão ao risco) que desvaloriza o dólar em escala global”.
A fonte, porém, ressalta que este movimento não possui fôlego: “O que está acontecendo hoje é pontual, pois os problemas do Brasil continuam, principalmente os fiscais. O (ministro da economia) Paulo Guedes até tenta argumentar, mas o mercado não acredita mais nele”, pontua.
Para o head da mesa de operações da Messem Investimentos, Álvaro Villa, “existe muita tensão no mercado, porém o mercado acabou precificando mais nos juros, deixando o câmbio em um patamar estável, que é por volta dos R$ 5,20, mas isso depende do fluxo de notícias”.
Por mais que a crise institucional já esteja precificada nos juros, o problema é visto com gravidade pelo mercado: “O investidor estrangeiro compara nossa situação com a África do Sul e Turquia, que estão vivendo problemas sociais e políticos muito sérios. Isso gera muita preocupação”, pontua Villa.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em queda desde a abertura do pregão, acompanhando a recuperação dos preços dos ativos de risco nos mercados financeiros internacionais em um dia de agenda econômica fraca no cenário local.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,71%, de 6,73% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,46%, de 8,55%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,61%, de 9,80% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,04%, de 10,23%, na mesma comparação.