São Paulo – A bolsa chegou a cair mais de 1% com os investidores seguindo o movimento negativo nas bolsas em Wall Street e a preocupação com a crise hídrica no Brasil. Somado a isso, o mercado fica em compasso de espera do simpósio de amanhã de Jackson Hole, nos Estados Unidos, com destaque para a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,90%, aos 119.719,35 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 0,84%, aos 120.380 pontos.
Por aqui, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) vieram positivos, mas os investidores ficam preocupados com a crise hídrica e o reflexo que possa ter na inflação. Os dados da véspera do Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), mostraram aumento 0,89% em agosto.
Os investidores também aguardam os comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, no evento Expert XP 2021, hoje à tarde.
O Brasil criou 316,5 mil empregos formais em julho, com 1.656.182 contratações e 1.339.602 desligamentos. Os dados constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado ficou acima do esperado pelo mercado, em que a mediana apontava abertura de 300 mil vagas de trabalho com carteira assinada. “O dado veio espraiado entre os setores e regiões do Brasil, apresentando um processo contínuo de recuperação”, afirmou.
Rodrigo Friedrich, da Renova Invest, comentou que a Bolsa deve abrir com leve queda, mas afirmou que “o mercado deve ter uma direção após as declarações do Guedes à tarde”.
Friedrich também chama atenção para os dados de seguro-desemprego nos Estados Unidos podendo trazer alguma sinalização para o simpósio de amanhã.
“O mercado fica apreensivo se o Powell pode trazer alguma sinalização, mas acredito que não haverá mudanças devido ao aumento da variante delta e à preocupação da retomada da economia”, afirmou Friedrich.
Mais cedo, foram divulgados os dados da economia dos Estados Unidos. O número de auxílio seguro-desemprego subiu na semana encerrada em 21 de agosto para 353 mil solicitações, conforme informações do Departamento do Trabalho. Os analistas previam 350 mil pedidos.
O PIB do país cresceu 6,6% no segundo trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores, de acordo com a segunda leitura divulgada pelo Departamento do Comércio. O mercado estimava alta de 6,7%. Para o sócio da Renova Invest, os dois indicadores norte-americanos “saíram bem próximos ao consenso do mercado”.
O dólar continua em elevação na sessão desta quinta. Isso se deve à soma de mais um ingrediente: a crise hídrica. Embora o governo negue o racionamento de energia, o mercado vê isso como inevitável e a inflação tende a ficar ainda mais pressionada com a elevação da tarifa energética.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,65%, sendo negociado a R$ 5,2450 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava avanço de 0,57%, cotado a R$ 5,247.
Segundo o economista da Renascença Corretora, Daniel Queiroz, “a principal questão é a inflacionária, com a crise hídrica, que irá elevar novamente a bandeira vermelha. Isso acaba jogando o dólar para cima”.
“A questão fiscal também pode piorar, com a possibilidade da diminuição da arrecadação do governo com a aprovação da reforma tributária”, pontua Queiroz.
De acordo com a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “o mercado melhorou nos últimos dias, com o tom conciliador de Arthur Lira, mas o problema (fiscal e político) ainda está longe de ser resolvido”.
Consorte também é reticente quanto ao valor atual do dólar: “Eu não confiaria neste patamar, creio que o cenário cambial ainda é muito volátil, e imagino uma depreciação do real”. A economista também acredita que os problemas domésticos, neste momento, refletem muito mais na moeda do que o cenário internacional.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) mantêm-se de lado, oscilando dentro de estreitas margens, com os investidores em compasso de espera diante da expectativa de possíveis sinalizações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, durante sua intervenção no simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole, esperada para amanhã.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,745%, de 6,72% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,425%, de 8,45%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,35%, de 9,42% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,72%, de 9,78%, na mesma comparação.