MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – Após a alta de sexta-feira, a Bolsa opera em queda em um movimento de correção técnica e se descola dos ganhos nas bolsas em Nova York, mas recupera os 120 mil pontos. Somado a isso, as incertezas em relação ao ambiente político-institucional e fiscal no Brasil favorecem essa retração.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,39%, aos 120.201,68 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 0,04%, aos 120.795 pontos.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital afirmou que após os ganhos observados na sexta-feira com o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sinalizando que pode reduzir a compra de ativos até o final do ano, a Bolsa “está corrigindo o movimento, mas acredita que pode reverter a direção”.

Zuffo comentou que a situação política-institucional e fiscal no Brasil gera apreensão no investidor e citou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estipulou, na sexta-feira, limite para o pagamento de precatórios para 2002, reduzindo de R$ 89 bilhões para cerca de R$ 39,9 bilhões; além disso o Bolsa Família poderia ser pago via crédito extraordinário, ou seja, fora do teto de gastos. “Até o mercado ter uma visibilidade maior de como os gastos vão ocorrer no ano que vem, fica essa incerteza”. Atrelado a isso, o mercado fica atento à manifestação marcada para o dia 7 de setembro.

Por aqui, os investidores seguem acompanhando a crise hídrica podendo impactar fortemente para a aceleração da inflação e impedir a recuperação da atividade econômica. O Projeto de lei Orçamentária Anual de 2022 (PLOA), que o governo tem de entregar até amanhã ao Congresso, também está no radar do mercado.

A semana promete ser movimentada com a divulgação de importantes indicadores aqui-Produto Interno Bruto (PIB) na quarta-feira e relatório de emprego nos Estados Unidos, na sex-feira.

Para os analistas da Commor DTVM, a Bolsa oscilando em torno de 120 mil mostra “um patamar de equilíbrio entre o bom humor externo e a cautela local”.

Scott Hodgson, gestor da Galapagos, afirmou que esta semana o Brasil vai ficar atento a vários dados dos Estados Unidos. “Na sexta-feira será divulgado o payroll [dados de relatório de trabalho], e se o número vier forte, pode sinalizar que o Fed pode continuar com os planos de tapering no final do ano ou no começo de 2022 e o mercado vai acompanhar os dados de covid nos suprimentos da cadeia global”.

Filipe Villegas comentou sobre a fala de Powell na sexta-feira que animou os mercados. “Com uma comunicação sendo bem feita, de forma gradual, os investidores podem se sentir confortáveis em tomar riscos mesmo diante desse processo de normalização monetária que estaria cada vez mais próxima”.  O Fed continuará com as atenções na inflação, mercado de trabalho e dados sobre a pandemia, podendo contribuir para a autoridade monetária rever os planos atuais.

Após ensaiar alta durante parte da manhã, o dólar comercial opera estável. Passado o efeito do presidente do Fed dizendo que os estímulos à economia começarão a ser retirados ainda em 2021, o mercado volta as atenções para o cenário doméstico, principalmente no âmbito fiscal.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,09%, sendo negociado a R$ 5,1920 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava recuo de 0,19%, cotado a R$ 5,193.

De acordo com o CEO da Top Gain, Alison Correia, “o posicionamento do Powell foi muito importante para o mercado, mas esta semana é carregada de informações, será agitada”.

Correia destaca o cenário doméstico: “Amanhã é o limite para a entrega da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o governo. Além disso, o Paulo Guedes (ministro da Economia) não deixou claro como irá rolar os precatórios”, pontua.

Por mais que na última semana o dólar tenha caído frente ao real, isso não é algo duradouro: “Eu acho que o dólar tende a subir, e que deve chegar em R$ 6 até o final do ano, devido a todo o contexto interno, como a crise energética e os precatórios”, prevê Correia. Ele ainda diz que este cenário repele os investimentos estrangeiros no país: “Somos os últimos da fila”.

Para o diretor superintende de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, “internamente o dólar comercial deve abrir de estável a leve viés de alta, mas a semana promete fortes emoções, com a divulgação do payroll (índice que mede o desempenho do mercado de trabalho nos Estados Unidos) de agosto na sexta-feira e aqui com o crescimento da tensão pelo 7 de setembro”.

A manutenção dos estímulos, na visão de Rugik, trouxe um viés positivo ao mercado. “No mercado internacional de câmbio o dólar opera na linha d’água frente a seus pares e trabalha levemente valorizado diante das divisas emergentes e ligadas às commodities, complementa.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) adotaram viés de queda neste início de tarde, acompanhando as oscilações do dólar em relação ao real e variando dentro de margens bastante estreitas, com os investidores se posicionando para uma semana de agenda econômica carregada tanto no Brasil quanto no exterior.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,750%, de 6,755% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,45%, de 8,45%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,38%, de 9,40% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,76%, de 9,77%, na mesma comparação.