São Paulo – A Bolsa apresenta volatilidade com os investidores ainda cautelosos com o cenário interno, apesar de o presidente Jair Bolsonaro sinalizar uma pacificação entre os poderes. As reformas, precatórios, inflação e desemprego seguem no radar do mercado. Somado a isso, há preocupação com a desaceleração da economia global e com a disseminação da covid-19.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,40%, aos 115.822,53 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 0,73%, aos 116.235 pontos.
Para Aldo Filho, analista da Aware Investments, os investidores ainda mantêm cautela em na sessão desta sexta-feira apesar do aceno positivo de presidente Bolsonaro da véspera. “Internamente o primeiro passo já foi dado e considero favorável para a economia, mas decisões jurídicas precisam ser tomadas em relação aos precatórios, e o Congresso precisa agir em prol dessas e outras medidas para o controle fiscal”.
O analista da Aware Investments enfatizou que o “caminho a percorrer ainda é longo para um acordo definitivo”.
Filho também comentou que a inflação e desemprego preocupam os agentes financeiros, além do fator externo que impacta por aqui. “O cenário lá fora sofre com o aumento de casos de infecção pela covid-19 e atrasos na recuperação global”.
Uma fonte do mercado financeiro que não quis se identificar comentou que o “Ibovespa à vista e futuro estão passando por um ajuste técnico após a forte alta da véspera”. A fonte acrescentou que o movimento de virada no mercado “promoveu mais prejuízo que lucro para os investidores”.
Para Jansen Costa, sócio-fundador da fatorial Investimentos, o Brasil está vivendo um dia mais tranquilo após o recuo de Bolsonaro em atacar o Judiciário. “A nota de ontem do presidente aliviou a relação entre os poderes e mostrou que pessoas mais equilibradas buscam o contínuo encaminhando do País”. Mas ressaltou que “Bolsonaro precisa parar de falar besteira” para não prejudicar mais o Brasil.
Costa citou que o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na véspera, veio ruim – alta de 0,87% em agosto ante julho- e sinaliza que o Banco Central vai a subir os juros mais rápido. “O aperto monetário vai ser necessário. Como não temos uma moeda tão forte, não podemos deixar a inflação corroer os salários e a capacidade de compra das pessoas”, enfatizou.
Os analistas da Sul América Investimentos apostam em um dia de alta para o Ibovespa após a carta apaziguadora da véspera. “Os investidores devem repercutir de forma positiva o gesto do presidente Bolsonaro de se aproximar do Judiciário, reduzindo os pontos de tensão entre os poderes”.
Por aqui, as vendas do comércio varejista tiveram alta de 1,2% em julho em relação a junho, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mercado previa ganho de 0,6%, conforme a mediana calculada pelo Termômetro CMA.
Nos Estados Unidos, o Indice de Preços ao Produtor (PPI, sigla em inglês) subiu 0,7% em agosto na comparação com julho, de acordo com o Departamento de Trabalho do país, praticamente em linha com as estimativas do mercado, alta de 0,6%.
O dólar opera em leve alta, beirando a estabilidade. Embora o mercado tenha demonstrado otimismo com a nota de ontem do presidente Jair Bolsonaro, em tom apaziguador, o cenário ainda é volátil, com incertezas no âmbito doméstico.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,09%, sendo negociado a R$ 5,2220 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava avanço de 0,16%, cotado a R$ 5,237.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “neste momento estamos na contramão global. O dólar hoje está em um viés volátil, então o cenário vai se desenhando imprevisível”.
Vieira destaca que o real está se desvalorizando em comparação aos seus pares, como o peso mexicano: “A maior parte das moedas emergentes está se valorizando”, enfatiza o economista.
Segundo relatório da Commcor, “a iniciativa de Bolsonaro ao menos ameniza a relação entre os poderes que vinha sendo rodeado de bastante atrito. Isso coloca de volta as possibilidades de discussão das reformas e ajustes fiscais necessários”.
Embora o clima seja otimista, os desafios continuam no radar: “O desgaste político e institucional que vinha sendo visto ainda é presente e Jair Bolsonaro precisará reconstruir relações políticas”, pondera o relatório.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) seguem operando em queda na sessão, corrigindo a alta excessiva de ontem quando a crise política atrelada a dados de inflação fiz as taxas subirem e fecharem com forte avanço. Mas após a carta apaziguadora do presidente Jair Bolsonaro, as taxas passam por correção refletindo apenas a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ontem acima do previsto pelo mercado.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,285%, de 7,40% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,095%, de 9,245%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,09%, de 10,27% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,45%, de 10,72%, na mesma comparação.