MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

581

São Paulo – A Bolsa mantém-se em expressiva queda e na faixa dos 113 mil pontos acompanhando o exterior e pressionada pelas commodities, principalmente a Vale com a retração do minério de ferro -8,09% no porto chinês de Qingdao, e 3,2% na bolsa de Dailan, também na China, diante da redução na produção do aço no país e sua política de regulação.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 1,28%, aos 113.584,40 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 1,44%, aos 113.955 pontos.
Com a exposição que o Brasil tem nas commodities ligadas ao minério de ferro, os ativos despencam, principalmente as ações Vale (VALE3), que têm um peso de 14,47% no índice, caíam 2,75%. Os papéis da mineradora caíam % e o mesmo acontece com seus pares no exterior, como  apresentavam forte perda Aqui, as siderúrgicas Usiminas (USIM 5)e CSN (CSNA3) recuavam 3,92% e 4,46% respectivamente.
Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, atribuiu a queda na Bolsa às commodities. “As commodities estão pesando muito no mercado. A China está preocupando os investidores. A segunda maior construtora do país -Evergrande-está endividada e isso mexe muito tanto no minério de ferro como no aço e como o país asiático é uma potência impacta o Brasil, os emergentes e o mundo como um todo”.
Mastromonico comentou que “há uma visão  que a Vale está barata, mas o mercado se desespera bastante com essa queda de 8% no minério de ferro”. O operador de renda variável da B.Side Investimentos também citou que os ruídos internos em relação aos precatórios e Imposto de Renda (IR) prejudicam muito o mercado. “O Senado parece que não vai aprovar a reforma do IR e  isso causa muita instabilidade. Nunca um governo teve de pagar precatórios tão altos como esses, o Judiciário colocou uma ‘bomba’ no colo do governo”.
Nos Estados Unidos, os pedidos de seguro desemprego subiram para 332 mil na semana encerrada no dia 11 de setembro. O mercado previa 320 mil solicitações. As vendas no varejo subiram 0,7% em agosto na comparação com julho, acima das expectativas do mercado, que previa queda de 0,8%.
O economista-chefe da Modalmais, Álvaro Bandeira, comentou em suas redes sociais que “as vendas no varejo dos Estados Unidos em agosto vieram melhores que o previsto e mexem com o mercado, mas os ruídos internos e a alta do minério de ferro limitam a reação”.
Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Investimentos, comentou que “dificilmente a Bolsa terá alta no pregão de hoje com a queda do minério de ferro e a situação global mais delicada”. Mas reforçou que os indicadores nos Estados Unidos “vão ditar o rumo do mercado”.
Na véspera, em um evento o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu ajuda do Legislativo e Judiciário para resolver o problema com os precatórios. Mais tarde, em uma entrevista à radio Jovem Pan, o ministro novamente pressionou o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.
Vale lembrar que os precatórios são decisivos para o futuro do novo Bolsa Família e a intenção do governo é proporcionar o reajuste do pagamento visando as eleições do próximo ano . O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que a solução dos precatórios sairá de negociações no Congresso.
Ariane Benedito, economista da CM Capital, comentou que “o sentido eleitoral parece ter chegado na ala econômica do governo, quando o ministro Paulo Guedes  disse que a ampliação do Bolsa família é uma das prioridades e o chefe da pasta econômica recorre aos ministros do Supremo”. Apesar dos problemas com os precatórios, Ariane acredita em “uma breve estabilidade política favorecendo a abertura da Bolsa para cima”.
O dólar operou em alta durante a manhã. A moeda norte-americana foi influenciada principalmente pelo cenário doméstico, em um cenário persistente de incertezas fiscais, que não parece ter um rumo definido.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,43%, sendo negociado a R$ 5,2590 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava avanço de 0,52%, cotado a R$ 5,269.
Segundo o economista da Renascença Corretora, Daniel Queiroz, “as preocupações fiscais têm deixado o mercado receoso, e isso não traz alívio há algum tempo. A leitura do mercado é que faltam ações efetivas. A paciência está se esgotando”, enfatiza.
De acordo com o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o aumento do varejo nos Estados Unidos é algo mais pontual (+0,7 em agosto ante julho, enquanto as expectativas eram de -0,8%) – assim como a queda     do preço do minério de ferro – sem grandes impactos no câmbio”.
Por outro lado, Weigt vê um real bem resiliente, com pequenas oscilações nas últimas semanas, com exceção dos dias 8 e 9 de setembro, datas que envolveram os impactos do discurso do presidente no Dia da Independência e a carta do chefe do executivo, respectivamente.
“O fundamento é de um real ainda bastante desvalorizado, mas este movimento de taxas de juros é benéfico para a moeda brasileira”, fala Weigt, referindo-se à Selic (taxa básica de juros), que deve sofrer aumento de 100 pontos percentuais na próxima semana.
Apesar disso, a parte fiscal ainda continua sendo o maior entrave ao real: “A questão fiscal continua sem direção, cada hora surge uma proposta”, pontua o Weigt. Ele ainda ressalta que, resolvendo estes celeumas, o dólar tende a cair com mais força até o final de 2021.
Após abrir a sessão com taxas mistas, os contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) passaram a subir, mas no início da tarde mostram volatilidade e voltam a operar mistos. Ainda há um ajuste para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana, além de preocupação fiscal, com precatórios, política, com a relação entre os Poderes e também a questão hídrica.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,03%, de 7,025% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,96%, de 8,94%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,11%, de 10,13% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,52%, de 10,55%, na mesma comparação.