São Paulo – Após abrir em alta e chegar a subir mais de 1% com dados positivos do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), do Banco Central (BC), e o resultado da Pesquisa de Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), que apontou uma queda a 13,7% no trimestre encerrado em julho- contribuiu para animar o mercado, no início da tarde o Ibovespa passou a seguir o exterior e passou e apresentar volatilidade.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em ligeira alta de 0,02%, aos 111.133,30 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava alta de 0,05%, aos 111.230 pontos.
No Relatório de Inflação, o Banco Central subiu a estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PBI) em 2021 de 4,6% para 4,7% e elevou previsão para a inflação deste ano em 2,7 pontos porcentuais (pp), para 8,5%. A previsão está 3,25 pp acima do teto da meta esperada para 202.
O presidente do Banco Central disse que a taxa básica de juros (Selic), hoje em 6,25% ao ano (aa), deve caminhar para “significamente contracionista se referindo ao nível da taxa do atual ciclo de aperto monetário.
Por aqui, a alta de mais de 6% no minério de ferro na China favoreceu a melhora da performance das empresas ligadas á commodity. As ações da Vale (VALE3) subiam 2,04%; Usiminas (USIM5 ), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) avançavam 3,88%, 4,87%, 5,83%, respectivamente. Na próxima semana, com o feriado na China e sem a produção de chapa de ação, “pode trazer um alívio para o mercado”, afirmou uma fonte.
Para Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl, os dados econômicos internos mais favoráveis somados ao alívio no exterior e a Bolsa brasileira barata levam à alta do Ibovespa, embora deva fechar o mês de setembro no negativo. “A Bolsa está negociando em patamares razoavelmente baixos levando em conta os múltiplos e o preço sobre o lucro (PL) da Bolsa. Trabalhamos com um cenário mais altista e acreditamos que muita coisa se deteriorou desde o dia 7 de setembro, as reformas por aqui podem não acontecer na forma que se esperava, mas vejo que os precatórios vão ser resolvidos porque não vai ter dinheiro para as emendas parlamentares, por exemplo”.
Powell reiterou em seu discurso hoje na Câmara que a economia está longe do pleno emprego e que a inflação deve permanecer alta por algum tempo antes de melhorarem e o mercado espera mais sinalizações sobre o tapering. “O mercado tem receio dessa retirada de estímulos da economia dos Estados Unidos e quando isso acontecer pode gerar volatilidade. Já tivemos remoções anteriores e com elevação de juros e os investidores não digeriram bem. O mercado está demandante de retirada de estímulos”, afirmou Oliveira.
O head de renda variável da Zahl Investimentos ressaltou que está com as atenções voltadas para a China, juros norte-americanos e as reformas por aqui. “Estamos de olho na evolução de China e o impacto no questão do PIB do país, a política de juros norte-americana e as reformas estruturais no Brasil.
Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, afirmou que o dia é positivo para a Bolsa acompanhando o exterior com “o aumento de 6% no minério de ferro favorecerá as empresas ligadas às commodities, por aqui. “O foco será os discursos do Powell e Yellen na Câmara e a repercussão do RTI”.
Os analistas da Ajax Capital também acreditam em um dia para a Bolsa. “com o mercado acompanhando as propostas que envolvem menor preços dos combustíveis e parece que a política de preços da Petrobras está preservada”.
O dólar opera em alta. O anúncio do acordo para aprovar projeto de lei, no senado americano, que evita a paralisação das atividades do governo nesta semana, fortaleceu a moeda norte-americana. As incertezas fiscais domésticas, que teimam em não sair do radar, também contribuem para isso.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,51%, sendo negociado a R$ 5,4580 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava avanço de 0,38%, cotado a R$ 5,439.
De acordo com a equipe da Ouro Preto, “ainda tem um espaço para respiro, por mais que os números dos Estados Unidos tenham vindo abaixo do esperado”. Segundo a empresa, isso não altera o início do tapering (remoção de estímulos) para novembro, em linha com as declarações dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Os problemas domésticos, contudo, continuam afetando o câmbio mais fortemente do que o mercado: “Continuamos com as questões nos precatórios e reforma do imposto de renda. Vemos muita conversa e as coisas não andam. Isso afasta os investidores estrangeiros, que fogem do risco”, avalia a Ouro Preto.