São Paulo – Após virar para queda, o Ibovespa voltou a cair e mostra volatilidade descolando do movimento das Bolsas norte-americanas. Os mercados acionários mostravam resiliência em meio a notícias positivas sobre vacinas e a temporada de balanços, mas o aumento da tensão entre China e Estados Unidos traz cautela, assim como o contínuo aumento de casos de coronavírus em algumas regiões.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,34%, aos 103.947,07 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 15,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2020 apresentava queda de 0,38%, aos 103.995 pontos.
“Com o início da safra de resultados do segundo trimestre, vai ser possível dimensionar melhor onde e em quem investir” ressalta o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, que também vê o mercado acionário fazendo rotação de ações, comprando empresas que ficaram atrasadas e vendendo as que subiram mais forte.
Além de acompanhar a temporada de balanços com expectativas positivas, os investidores seguem esperançosos com avanços em vacinas contra o coronavírus. Hoje, os Estados Unidos fecharam um acordo com as farmacêuticas Pfizer e BioNTech para comprar, ainda em 2020, 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19. As empresas mostraram sucesso na sua primeira fase de testes esta semana.
Porém, o cenário externo ainda inspira cautela depois que os Estados Unidos ordenaram o fechamento do consulado chinês de Houston alegando necessidade de proteger a propriedade intelectual norte-americana e dados privados. A China pediu aos Estados Unidos que revoguem imediatamente a decisão e, segundo a agência “Reuters”, está considerando fechar o consulado norte-americano na cidade de Wuhan.
Ainda preocupa o aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos e em outros regiões da Ásia, como Hong Kong. Os casos globais se aproximam dos 15 milhões.
O dólar comercial acelerou as perdas frente ao real e cai quase 2%, ao redor de R$ 5,10 – menor valor intraday desde 16 de junho – com investidores relegando a escalada das tensões entre Estados Unidos e China, dando continuidade ao otimismo de ontem influenciado por um pacote de estímulo fiscal na Europa e com a entrega da primeira parte da proposta da reforma tributária ontem, no Congresso. Com isso, o real é a moeda que mais se valoriza em uma cesta de 16 divisas fortes e de países emergentes.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 2,22%, sendo negociado a R$ 5,0950 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2020 apresentava recuo de 1,50%, cotado a R$ 5,096.
O diretor de câmbio de uma corretora nacional destaca a “continuidade do desmonte de posições defensivas” iniciadas observadas ontem, que levam à moeda ao menor valor intraday em mais de um mês.
O consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, destaca que, após começar a sessão com algum receio ao risco com a escalada de tensões entre norte-americanos e chineses e com as discordâncias entre republicanos e democratas nos Estados Unidos quanto a aprovação de um pacote de ajuda fiscal em torno de US$ 1,0 trilhão, os investidores ignoram esses fatos e se concentram na aprovação do fundo europeu de resgaste das economias do bloco econômico e na continuidade das negociações no Congresso norte-americano para a aprovação do pacote fiscal até a próxima semana.
Aqui, o mercado ainda digere a entrega da primeira parte da proposta da reforma tributária feita ontem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no qual mostrou os poderes executivo e legislativo alinhados quanto ao avanço de mais uma reforma.
“O governo está começando a mostrar seu plano para a reforma tributária e o que temos nessa primeira fase é uma simplificação de tributos. É um passo importante, mas há ainda muitas dúvidas no ar. O que preocupa os investidores é que tudo indica que haverá a criação de novos tributos e isto pode corroer a rentabilidade de alguns produtos financeiros”, avalia o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em queda, passando por correção e devolvendo parte da alta de ontem após incertezas sobre a proposta inicial do governo para a reforma tributária. Investidores operaram ontem de olho em estudo que mostram que a reoneração da cesta básica, que pode ocorrer com a reforma, pode ter impacto na inflação.
Às 13h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,035%, de 2,06% após o ajuste do último pregão; o DI para janeiro de 2022 estava em 2,95%, de 3,00% do ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,01%, de 4,07%; o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,50%, de 5,51% na mesma comparação.