São Paulo – O Ibovespa acelerou mais as perdas e cai mais de 2%, se descolando de Bolsas no exterior, puxado principalmente pelas ações de bancos, após a notícia de que o projeto que limita juros do cartão de crédito e cheque especial deve ser votado nesta quinta-feira no Senado. Os papéis já vinham mostrando fraqueza, com destaque para os do Itaú Unibanco, que ainda divulgou seu balanço trimestral.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 2,18%, aos 100.579,31 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 24,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2020 apresentava recuo de 2,45%, aos 100.575 pontos.
Por meio do seu perfil no Twitter, o senador Álvaro Dias, disse que na reunião de líderes partidários, realizada nesta manhã, ficou decidido que o projeto que limita os juros do cheque especial e do cartão de crédito, de sua autoria, será votado na sessão da próxima quinta-feira (06/08).
“O cenário está difícil para os bancos, ainda mais se essa semana discutirem o projeto que limita a taxa de juros dos cartões”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.
Os papéis do setor caem mais de 3%, caso do Bradesco, mas as maiores perdas do Ibovespa são do Itaú Unibanco. “O Itaú tem um peso grande no índice e o resultado trimestral veio de em linha a pior do que o esperado”, disse o diretor da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo. Em teleconferência, a diretoria do banco ainda disse que a inadimplência ainda deve aumentar, com o pico devendo ser atingido no primeiro trimestre ou segundo trimestre de 2021.
Outros papéis de peso, como os da Vale, que subiam mais cedo, também passaram a cair. As ações da Vale ficaram em leilão até cerca de 11h40, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vendendo parte de sua fatia na companhia. Zuffo lembra que o banco já tinha mostrado intenção de vender participações que detém em grandes companhias, mas havia dúvidas no mercado de como essa venda seria feita e o tamanho do lote que seria colocado em leilão.
Ontem à noite, uma reportagem da agência de notícias “Bloomberg” com fontes, afirmou que o banco planeja vender até US$ 1 bilhão em ações da mineradora Vale este mês. O banco também deve desinvestir até US$ 1 bilhão na Petrobras.
O dólar comercial perdeu força de alta, chegando a zerar com a divulgação acima do previsto das encomendas às fábricas nos Estados Unidos. Agora passou a apresentar forte volatilidade em dia de cautela externa por impasse na aprovação do pacote de estímulos norte-americano, mesmo com os dados melhores do que o previsto da produção industrial brasileira no mês passado.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,18%%, sendo negociado a R$ 5,3240 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2020 apresentava ligeiro recuo de 0,03%, a R$ 5,328.
“O nosso mercado pode abrir com uma certa cautela em consequência do mercado exterior. As preocupações com o aumento de casos do covid-19 ainda são uma preocupação mundial. Além disso, existem as preocupações com as tensões entre EUA e China, o aumento da produção de petróleo a partir deste mês e o impasse da liberação do pacote de US$ 1 trilhão”, explicaram Régis Chinchila e Sandra Peres, analistas da Terra Investimentos em relatório.
No Brasil, a produção industrial subiu pelo segundo mês consecutivo, em +8,9% em junho, intensificando a expansão observada em maio (+8,2%, dado revisado), mas ainda insuficiente para reverter as perdas de 26,6% acumuladas entre março e abril, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mensal ficou acima da previsão, de +7,80%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
Nos Estados Unidos, as encomendas à indústria subiram 6,2% em junho na comparação com o mês anterior, totalizando US$ 437,2 bilhões, segundo o Departamento do Comércio. A previsão era de alta de 5,0%. Em maio, as encomendas tiveram alta de 7,7% (dado revisado).
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) iniciaram a sessão em alta, com os investidores recompondo prêmios ao longo da curva a termo, após o resultado acima do esperado da produção industrial em junho. O desempenho do setor traz dúvidas quanto à continuidade do ciclo de cortes na Selic, após a queda esperada amanhã, quando termina a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 1,91%, de 1,895% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 2,73%, de 2,67%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 3,76%, de 3,65% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,31%, de 5,18%, na mesma base de comparação.