Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa acelerou perdas refletindo o sentimento de cautela mundial em relação às incertezas trazidas pelo coronavírus. O número de infectados está aumentando enquanto vários países seguem recomendado que as pessoas evitem viajar para a China, além de diversas companhias aéreas terem suspendido voos para o país.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,88% aos 113.355,63 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 8,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de dólar com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava queda de 1,80% aos 113.435 pontos.
Para o economista da Toro Investimentos, Pedro Nieman, o dia deve seguir mais negativo para o Ibovespa tendo como pano de fundo o coronavírus e a abertura fraca do mercado norte-americano, com o Dow Jones passando a cair mais de 1%. O dólar também passou a subir mais ante o real e acaba de renovar sua máxima histórica intraday, a R$ 4,2870.
Os analistas da Eleven Financial Research são outros que acreditam que a última sessão do mês “deverá ser pautada pela cautela”. “Investidores ainda buscam mais informações sobre a real situação da economia chinesa, diante das medidas para conter a escalada das contaminações por coronavírus”, disseram, em relatório.
Ontem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de emergência internacional, mas disse que as restrições a viagens e comércios não eram necessárias, no entanto, isso não está sendo suficiente para conter medidas mais drásticas e o receio de impacto no PIB chinês. O número de mortes na China causadas pelo novo coronavírus subiu de 170 para 213, com mais de 9,6 mil casos no país. Ao menos 20 países confirmaram casos do vírus, e quatro registraram transmissão entre pessoas.
O dólar comercial renovou a máxima histórica intraday, indo a R$ 4,2870 para venda no mercado à vista, superando o recorde alcançado em 26 de novembro do ano passado quando alcançou os R$ 4,2770 para venda. Às 13h30, o dólar à vista subia 0,61%, a R$ 4,2860 para venda.
Investidores locais travam neste momento a tradicional “briga” pela formação de preço da Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês que será formada às 13 horas. “Isso dá combustível para os comprados”, comenta o operador da corretora Commcor, Cleber Alessie.
O temor em meio ao avanço do coronavírus segue como pano de fundo para a alta da moeda norte-americana. Segundo Alessie, algumas notícias sugerem que teriam 75,8 mil infectados apenas na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto da doença.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem com leves oscilações, sem um viés definido, com os investidores calibrando as expectativas sobre o rumo da Selic, às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). O comportamento do dólar também está no radar, com a moeda norte-americana renovando as máximas históricas desde a criação do Plano Real.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,385%, de 4,360% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 projetava taxa de 5,01%, de 4,97%; o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 5,53%, de 5,50% do ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,22%, de 6,20%, na mesma comparação.