São Paulo – O Ibovespa opera em leve queda nesta manhã com investidores avaliando o ritmo da retomada econômica global, após indicadores europeus e norte-americanos, e o risco fiscal no Brasil, apesar do alívio trazido pela manutenção do veto presidencial que impede aumentos a funcionários públicos até 2021.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,41%, aos 101.046,90 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 0,10%, aos 101.240 pontos.
Nos Estados Unidos, as Bolsas mostram leve alta após índices dos gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial e de serviços melhores do que o esperado pelo mercado. No entanto, ontem, os pedidos de seguro-desemprego vieram piores que o previstos e as Bolsas podem ter volatilidade depois de terem atingido máximas históricas.
Na Europa, por sua vez, os mercados acionários recuam após PMIs fracos na zona do euro e em meio ao aumento de casos de coronavírus em algumas regiões.
Já na cena doméstica, ontem à noite, a Câmara dos Deputados reverteu a decisão do Senado e manteve o veto presidencial sobre o reajuste salarial dos servidores públicos em 2021. Investidores já previam que isso ocorreria após declarações de políticos ao longo do dia, o que fez o Ibovespa fechar em alta ontem após grande volatilidade.
“A Câmara conseguiu reverter a decisão do Senado e o Maia [Rodrigo, presidente da Câmara] saiu como herói, mas não era nem para ter sido uma derrota no Senado e continua o receio se o teto de gastos pode ser furado ou não. O risco fiscal pode ser mantido e limitar altas do índice”, avalia, porém, o sócio da Critéria Investimentos, Vitor Miziara. Para ele, o Ibovespa pode fechar no “zero a zero” na ausência de novidades ao longo do pregão.
Entre as ações, papéis de peso como os da B3 recuam e estão entre as maiores perdas do Ibovespa, ao lado da Cogna, após o seu resultado trimestral, e de siderúrgicas, como Gerdau, que mostram uma realização de lucros após altas nos últimos dias.
Apesar da votação de ontem na Câmara dos Deputados ter mantido os vetos presidenciais e trazer um alívio ao investidor em relação ao lado fiscal do Brasil, o ambiente externo, com dados econômicos piores do que o esperado, tem pressionado o dólar comercial para mais uma sessão de alta.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,61%, sendo negociado a R$ 5,5910 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2020 apresentava avanço de 0,62%, cotado a R$ 5,592.
“O mercado doméstico amanhece hoje com a permanência do veto de reajuste salarial de servidores públicos até 2021. O fato deve ser um fator que traz alívio ao cenário interno. Todavia, com uma agenda de eventos fraca no dia de hoje, alguma cautela pode ser importada do exterior – uma vez não há sinais claros de um viés otimista. Sob todos os espectros, a semana pode terminar com uma mitigação das tensões após a derrota política no Senado Federal na quarta-feira. Isso porque o veto foi mantido por 316 votos a favor contra 165”, explicou, em relatório matinal, Pedro Molizani, Trader Mesa de Câmbio Travelex Bank.
No exterior, há alguma cautela depois que o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial da zona do euro caiu, vindo abaixo do projetado por analistas. Isto, somado ao aumento de ontem nos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, preserva o clima de cautela dos investidores no mercado global.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem com leves oscilações, rondando os níveis dos ajustes de ontem, apesar da vitória do governo na Câmara, que manteve o veto presidencial sobre o reajuste dos servidores públicos. Ainda assim, o desconforto com a questão fiscal no Brasil e o renovado fôlego de alta do dólar inibem os investidores, o que pressiona mais o trecho longo da curva a termo.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,81%, de 2,79% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 3,96%, de 3,99% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,78%, de 5,80%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,79%, de 6,82%, na mesma comparação.