MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa passou a cair mais de 1% depois que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a proposta que recebeu do programa Renda Brasil não será enviada ao Congresso, com o programa suspenso por enquanto, até se discutam mais detalhes do benefício. As declarações confirmam que há impasses dentro do pacote que está sendo preparado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, fazendo especulações sobre uma possível saída do ministro crescerem.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,55%, aos 100.530,28 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 1,39%, aos 100.635 pontos.

“A proposta que foi apresentada a mim não será enviada ao parlamento”, disse Bolsonaro, em cerimônia da Usiminas, em Minas Gerais, referindo-se ao programa Renda Brasil, mas sem dar mais detalhes. O presidente ainda disse que não tiraria dos pobres para “dar aos paupérrimos”. Uma das possibilidades era acabar com o abono salarial para bancar o Renda Brasil.

Bolsonaro também disse que o auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 “tem que ter um ponto final”, mas “não será R$ 200,00 nem de R$ 600,00, estamos discutindo”.

“A leitura do mercado é de que o Guedes pode sair”, resume um operador da mesa de derivativos de um banco nacional. Com a pressão por aumento de gastos, aumenta a ameaça de que o governo pode não cumprir o teto, o que coloca em dúvida a continuidade do ministro, que tem reforçado a importância do limite.

O sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, lembra que as especulações sobre uma possível saída do Guedes já aumentaram desde ontem, já que o ministro foi chamado e não foi no lançamento do programa Casa Verde e Amarela, uma reformulação do Minha Casa, Minha Vida. “O clima está mais difícil para ele”, disse.

O anúncio do pacote de medidas do Ministério da Economia estava previsto para ontem, mas foi cancelado diante dos impasses. Ontem, o governo anunciou apenas o programa Casa Verde e Amarela.

Mais cedo, o índice operava apenas em leve queda e, com a piora local, de descola do cenário externo, onde a maioria das Bolsas opera em alta, embora com variações modestas. Investidores estão aguardando o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, amanhã.

“As falas de Powell serão de altíssima relevância dado o momento de discussão das diretrizes do Fed no âmbito da condução da política monetária, com ênfase na inflação”, afirmaram os analistas da Commcor.

O dólar comercial acelerou a alta frente ao real e sobe mais de 1%, a R$ 5,60, reagindo às falas do presidente Jair Bolsonaro sobre o programa Renda Brasil, o que levou investidores a renovarem as incertezas quanto ao cenário fiscal do país e à permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo.

Às 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,15%, sendo negociado a R$ 5,5930 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2020 apresentava avanço de 1,48%, cotado a R$ 5,593.

Em evento na Usiminas, em Ipatinga (MG), Bolsonaro declarou que a proposta da equipe econômica para o programa Renda Brasil “está suspensa”. “Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil e eu falei que está suspenso, vamos voltar a conversas”, disse o presidente. “A proposta que foi apresentada a mim não será enviada ao parlamento”, acrescentou.

Para o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, depois das declarações de Bolsonaro, as incertezas quanto ao cenário fiscal do país e quanto a permanência de Guedes no ministério da Economia acaba “sendo renovada”.

“O investidor segue atento ao cenário fiscal que está muito ruim. Qualquer mudança pode deteriorar as contas públicas e sem ajuste fiscal, o investidor estrangeiro seguirá afastado daqui, refletindo em alta da moeda estrangeira”, comenta. Ele reforça que há também uma “recomposição de posições” após a moeda cair mais de 1% ontem em meio à entrada de recursos estrangeiros no fim da tarde.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram o viés positivo ao longo de toda a estrutura a termo, diante dos crescentes riscos fiscais e dos ruídos políticos envolvendo o ministro Paulo Guedes, o que eleva o temor quanto à regra que limita um aumento dos gastos e à possibilidade da principal figura do governo na equipe econômica.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,85%, de 2,75% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,09%, de 3,93% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,00%, de 5,75%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,02%, de 6,76%, na mesma comparação.